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TEXTO:
Em meio ao seu próspero
reinado, o rei Ezequias foi subitamente acometido de fatal enfermidade. Enfermo
“de morte”, seu caso estava além do poder do auxílio humano. E o último vestígio
de esperança pareceu removido, quando o profeta Isaías surgiu perante ele com a
mensagem: “Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás”.Isaías
38:1.
A perspectiva parecia
extremamente ruim; contudo o rei podia ainda orar Àquele que até ali havia sido
o seu “refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”.Salmos 46:1. E assim
ele “virou o rosto para a parede, e orou ao Senhor, dizendo: Ah, Senhor Sê
servido de Te lembrar de que andei diante de Ti em verdade, e com o coração
perfeito, e fiz o que era reto aos Teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo”.2 Reis
20:2, 3.
Desde os dias
de Davi, não havia reinado rei que atuasse tão poderosamente para o
reerguimento do reino de Deus num tempo de apostasia e desencorajamento como o fizera
Ezequias. O agonizante rei havia servido ao seu Deus fielmente, e tinha fortalecido
a confiança do povo em Jeová como seu Supremo Senhor. E, como Davi, podia agora
suplicar:
“Chegue a minha
oração perante a Tua face, inclina os Teus ouvidos ao meu clamor;
porque a minha
alma está cheia de angústias, e a minha
vida se aproxima da sepultura”.
Salmos 88:2, 3.
“Pois Tu és a minha esperança, Senhor Deus;
Tu és a minha
confiança desde a minha mocidade.
Por Ti tenho
sido sustentado.”
“Não me
rejeites no tempo da velhice.”
“Ó Deus, não Te
alongues de mim;
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Os embaixadores de Babilônia 215
Meu Deus,
apressa-Te em ajudar-me.” “Não me desampares, ó
Deus,
até que tenha
anunciado a Tua força a esta geração,
e o Teu poder a
todos os vindouros”.
Salmos 71:5, 6,
9, 12, 18.
Aquele cujas “misericórdias
não têm fim” (Lamentações 3:22), ouviu a oração de Seu servo. “Sucedeu, pois,
que, não havendo Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor,
dizendo: Volta e dize a Ezequias, chefe do Meu povo: Assim diz o Senhor, Deus
de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que Eu te
sararei; ao terceiro dia subirás à casa do
Senhor. E
acrescentarei aos teus dias quinze anos; e das mãos do rei [176] da Assíria te livrarei, a ti e a esta
cidade, e ampararei esta cidade por
amor de Mim, e
por amor de Davi, Meu servo”.2 Reis
20:4-6.
Jubiloso, o profeta
voltou com as palavras de certeza e esperança. Ordenando que uma pasta de figos
fosse posta sobre a parte enferma, Isaías entregou ao rei a mensagem de
misericórdia, proteção e cui- dado de Deus.
Como Moisés na
terra de Midiã, como Gideão na presença do mensageiro celestial, como Eliseu momentos
antes da ascensão de seu senhor, Ezequias pediu algum sinal de que a mensagem era
do Céu. “Qual é o sinal”, indagou, “de que o Senhor me sarará, e de que ao terceiro
dia subirei à casa do Senhor?”
“Isto te será sinal
da parte do Senhor”, o profeta respondeu, “de que o Senhor cumprirá a palavra que
disse: adiantar-se-á a sombra dez graus, ou voltará dez graus atrás?” “É
fácil”, disse Ezequias, “que a sombra decline dez graus; não, mas volte a sombra
dez graus atrás”.
Unicamente por
interposição direta de Deus poderia a sombra no quadrante solar voltar atrás
dez graus; e isto devia ser sinal a Ezequias de que o Senhor tinha ouvido sua
oração. Concordando, “o profeta Isaías clamou ao Senhor; e fez voltar a sombra dez
graus atrás, pelos graus que já tinha declinado no relógio de sol de Acaz”. 2
Reis 20:8-11.
216 Profetas e Reis
Restaurada a
sua antiga força, o rei de Judá reconheceu em palavras de cântico as
misericórdias de Jeová, e fez um voto de despender os restantes dias de sua vida
em voluntário serviço ao Rei dos reis. Seu grato reconhecimento do compassivo
trato de Deus para com ele é uma inspiração a todo que desejar gastar seus anos
para a glória do seu Criador:
“Eu disse: Na
tranqüilidade de meus dias, ir-me-ei às portas da sepultura;
já estou
privado do resto dos meus anos.
Eu disse: Já
não verei mais o Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com os
moradores do mundo.
O tempo da
minha vida se foi,
e foi removido
de mim, como choça de pastor; Cortei como tecelão a minha vida:
Como que do
tear me cortará;
desde a manhã
até à noite me acabarás.
Eu sosseguei
até à madrugada;
como um leão
quebrou todos os meus ossos; desde a manhã até à noite me acabarás.
Como o grou,
ou andorinha,
assim eu
chilreava, e gemia como a pomba; alçava os meus olhos ao alto:
Ó Senhor, ando
oprimido fica por meu fiador. Que direi?
Como mo
prometeu, Assim o fez;
assim passarei
mansamente por todos os meus anos; na amargura de minha alma.
Ó Senhor, com
estas coisas se vive,
e em todas elas
está a vida do meu espírito; portanto, cura-me e faze-me viver.
Eis que para
minha paz,
eu estive em
grande amargura;
Tu porém tão
amorosamente abraçaste a minha alma, que não caiu na cova da corrupção;
porque lançaste
para trás
das Tuas costas
todos os meus pecados.
Os embaixadores
de Babilônia 217
Porque não pode
louvar-Te a sepultura, nem a morte glorificar-Te;
Nem esperarão
em Tua verdade os que descem à cova.
Os vivos, os vivos,
esses Te louvarão como eu hoje faço; o
pai aos filhos fará notória a Tua verdade.
O Senhor veio salvar-me;
pelo que,
tangendo eu meus instrumentos,
nós O louvaremos
todos os dias de nossa vida na casa do Senhor”.
Isaías
38:10-20.
Nos férteis
vales do Tigre e do Eufrates habitava um antigo povo que, embora nesse tempo
estivesse sujeita à Assíria, estava destinada a governar o mundo. Havia entre o
seu povo homens sábios que davam muita atenção ao estudo da astronomia; e
quando notaram que a sombra do quadrante solar havia regredido dez graus,
ficaram grandemente maravilhados. Seu rei, Merodaque-Baladã, tendo sido
informado de que este milagre se realizara como um sinal ao rei de Judá de que
o Deus do Céu lhe havia assegurado nova etapa de vida, enviou embaixadores a
Ezequias a fim de com ele se congratular por seu restabelecimento, e se
informar, se possível, mais a respeito do Deus que realizava tão grande maravilha.
A visita desses
mensageiros do governante de tão distante terra dava a Ezequias a oportunidade de
celebrar o Deus vivo. Quão fácil lhe teria sido falar-lhes de Deus, o
sustentador de todas as coisas criadas, por cujo favor sua própria vida tinha sido
poupada, quando todas as outras esperanças haviam desaparecido Que momentosas
transformações poderiam ter ocorrido, caso esses pesquisadores da verdade,
vindos das planícies da Caldeia, fossem levados ao conhecimento da suprema soberania
do Deus vivo
Mas o orgulho e
a vaidade tomaram posse do coração de Ezequias, e em exaltação própria expôs
aos olhos cobiçosos os tesouros com que Deus havia enriquecido o Seu povo. O
rei “lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata e o ouro, e as especiarias, e
os melhores unguentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos
seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem
em sua casa, nem em
218 Profetas e Reis
todo o seu domínio,
que Ezequias lhes não mostrasse”.Isaías 39:2. Não foi para glorificar a Deus
que ele assim procedeu, mas para exaltar-se aos olhos dos príncipes
estrangeiros. Ele não se deteve na consideração de que esses homens eram representantes
de uma poderosa nação que não tinha o temor nem o amor de Deus no cora- ção, e que
era uma imprudência fazê-los seus confidentes quanto às riquezas da nação.
A visita dos
embaixadores a Ezequias foi um teste de sua grati- dão e devoção. O relato diz:
“Contudo, no negócio dos embaixadores dos príncipes de Babilônia, que foram
enviados a ele, a perguntarem acerca do prodígio que se fez naquela terra, Deus
o desamparou, para tentá-lo, para saber tudo o que havia no seu coração”.2
Crôni- cas 32:31. Tivesse aproveitado a oportunidade que lhe era dada de
testemunhar do poder, bondade e compaixão do Deus de Israel, o relatório dos
embaixadores teria sido como luz espancando as trevas. Mas ele se engrandeceu a
si mesmo acima do Senhor dos Exércitos. “Mas não correspondeu Ezequias ao
benefício que se lhe fez, porque o seu coração se exaltou”.2 Crônicas 32:25.[178]
Quão
desastrosos os resultados que se deviam seguir. A Isaías foi revelado que os embaixadores
que se retiravam estavam levando consigo um relato das riquezas que tinham
visto, e que o rei de Babilônia e seus conselheiros planejariam enriquecer seu
próprio país com os tesouros de Jerusalém. Ezequias havia pecado grave- mente; “pelo
que veio grande indignação sobre ele, e sobre Judá e Jerusalém”.2 Crônicas 32:25.
“Então o profeta
Isaías veio ao rei Ezequias, e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram, e
donde vieram a ti? E disse Ezequias: De uma terra remota vieram a mim, de Babilônia.
E disse ele: Que foi que viram em tua casa? E disse Ezequias: Viram tudo quanto
há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros, que eu deixasse de lhes mostrar.
“Então disse
Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exércitos: Eis que virão dias em
que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia
de hoje, será levado para Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor. E
dos teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares, tomarão, para que sejam
eunucos no palácio do rei de Babilônia.
Os embaixadores de Babilônia 219
“Então disse Ezequias
a Isaías: Boa é a palavra do Senhor que disseste”.Isaías 39:3-8.
Tomado de remorso,
Ezequias se “humilhou pela soberba do seu coração, ele e os habitantes de
Jerusalém; e a grande indignação do Senhor não veio sobre eles, nos dias de
Ezequias”.2 Crônicas 32:26. Mas a má semente havia sido semeada, e no devido tempo
iria produzir uma colheita de desolação e ais. Durante os seus anos restantes, o
rei de Judá teria muita prosperidade em virtude do seu firme propósito de redimir
o passado e levar honra ao nome do Deus a quem servia; não obstante sua fé seria
severamente provada, e ele devia aprender que unicamente pela confiança posta inteiramente
em Jeová poderia esperar triunfar sobre os poderes das trevas que estavam tramando
sua ruína e a total destruição do seu povo.
A história da
falta de Ezequias em se provar fiel a sua missão ao tempo da visita dos
embaixadores, está pejada de importantes lições para todos. Necessitamos, muito
mais do que o fazemos, falar dos preciosos capítulos em nossa experiência, sobre
a misericórdia e amorável bondade de Deus, as incomparáveis profundezas do amor
do Salvador. Quando a mente e o coração estão cheios do amor de Deus, não será difícil
partilhar aquilo que faz parte da vida espiritual. Grandes pensamentos, nobres
aspirações, clara percepção da verdade, propósitos altruístas, anelos de
piedade e santidade, encontrarão expressão em palavras que revelem a qualidade
dos tesouros do coração.
Aqueles com
quem nos associamos dia a dia necessitam de nosso auxílio, nossa orientação.
Eles podem encontrar-se em tal condição de mente que uma palavra dita a tempo
será como um prego encravado no lugar certo.
Amanhã algumas dessas almas
poderão estar
onde nunca mais as alcançaremos outra vez. Qual é [179] nossa influência sobre esses companheiros de jornada?
Cada dia de
nossa vida está carregado de responsabilidades que nós temos de enfrentar. Cada
dia nossas palavras e atos estão fazendo impressão sobre aqueles com quem nos associamos.
Quão grande é a necessidade que temos de pôr uma guarda em nossos lábios e
vigiar cuidadosamente nossos passos. Um gesto desavisado, um passo imprudente e
poderão surgir ondas de alguma forte tentação que podem levar uma alma para o
sorvedouro. Não podemos arrancar os pensamentos que houverem sido plantados nas
mentes humanas. Se
220 Profetas
e Reis
foram maus, poderemos
ter posto em movimento uma seqüência de circunstâncias, uma avalanche de males,
que não seremos capazes de deter.
Por outro lado,
se por nosso exemplo ajudamos a outros no desenvolvimento de bons princípios,
damos-lhes capacidade para fazer o bem. Por seu turno eles exercem a mesma benéfica
influência sobre outros. Assim centenas e milhares são ajudados pela nossa
influência por nós despercebida. O verdadeiro seguidor de Cristo fortalece os
bons propósitos de todos aqueles com quem entra em contato. Diante de um mundo
incrédulo e amante do pecado, ele revela o poder da graça de Deus e a perfeição
do Seu caráter.
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