Pular para o conteúdo principal

O DIA DA EXPIAÇÃO


O RITUAL DO SANTUÁRIO – M. L. ANDREASEN – TERCEIRA EDIÇÃO - 1983
[O DIA DA EXPIAÇÃO]
[Pagina 149]
O homem que levou o bode emissário ao deserto deve banhar-se e lavar suas roupas antes de voltar ao acampamento. O homem que dispôs do novilho cujo sangue foi levado para o santuário, e cujo corpo foi queimado fora do acampamento, também deve lavar as suas roupas e banhar-se com agua antes de voltar. Vs. 26-28. A oferta especial mencionada em Números 29: 7-11, consistindo em um bezerro, um carneiro e sete cordeiros para oferta queimada, e “um bode para expiação do pecado, além da expiação do pecado pelas propiciações”, é então oferecida antes do sacrifício regular da tarde, o qual encerra os serviços do dia.
Acerca da obra feita naquele dia, declara o registro: "Naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos, e sereis purificados de todos os vossos pecadosperanteo Senhor". Lev. 16:30. No versículo 33 é apresentado um sumário: “expiará o santo santuário; também expiará a renda da congregação e o altar: semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação".
Ao ler-se o relatório do Dia da Expiação segundo se encontra no capítulo 16 de Levítico, apresentam-se certas interrogações, as quais passamos a considerar. Se se pergunta: que era realmente efetuado pelos serviços do Dia da Expiação?  A resposta, é, naturalmente, que se fazia expiação. Se outra pergunta é feita: por quem, ou para que era feita a expiação? A resposta é na linguagem do versículo trinta, que se expiavam o santo santuário, a tenda da congregação, o altar, os sacerdotes e todo o povo.
Isto divide a expiação em duas partes expiação pelo santuário, isto é, pelas coisas santas; e expiação por pessoas, isto é, os sacerdotes e o povo. O desígnio da expiação pelo povo, declara-se, é purificar-vos, e sereis purificados de todos os  vossos pecados perante o Senhor". V. 30. quanto ao santuário, faz-se a declaração:
[Pagina 150]
"Fará expiação pelo santuário por causa das imundíciasdos filhos de Israel e das suas transgressões, segundotodos os seus pecados: e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suasimundícias". V. 16. Quanto ao altar, há a declaração: "Daquele sangue espargirá sobre ele com o seu dedo sete vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de Israel, e o santificará". V. 19.
Note-se que os lugares santos e o altar não eram purificados por causa de qualquer pecado ou mal a eles inerente, mas "por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados". O mesmo se verifica a respeito do altar. O sacerdote "o purificará das imundícias dos filhos de Israel, e o santificará". V. 19.
Estas declarações tomam claro que eram os pecados de Israel que contaminavam o santuário e o altar. Esta contaminação ocorrera durante o ano no ministério diário. Cada manhã e cada tarde fora morto um cordeiro, sendo seu sangue espargido sobre o altar, "ao redor". Isto contaminara o altar. Os ofensores haviam trazido suas ofertas pelo pecado e a transgressão. No caso de um sacerdote ou de toda a congregação, o sangue da última se espargira no santuário. Isto o contaminara. No caso de um príncipe ou de uma pessoa comum, o sangue vinha sido posto nas pontas do altar da oferta queimada, e a carne comida pelos sacerdotes. Isto transferia os pecados para o sacerdócio, ao mesmo tempo que contaminava o altar. Por essa maneira o santuário e o altar se haviam contaminado, e o sacerdócio fizera-se portador dos pecados. Os serviços do Dia da Expiação se destinavam a remover todos esses pecados e purificar ao mesmo tempo o santuário e o sacerdócio, da mesma maneira que o povo.
É bem possível que alguém pergunte: Por que era necessária qualquer purificação por parte do povo? Não tinham eles trazido de quando em quando suas ofertas
[página 151]
durante o ano, confessado os pecados e ido embora perdoados? Por que precisavam de ser perdoados duas vezes? Por que então se fazer “cada ano” “comemoração dos pecados?” não deviam, “purificados uma vez os ministrantes, nunca mais “ter” “consciência de pecados”? Heb. 10:2 e 3. Estas perguntas exigem resposta.
É oportuno observar que nossa salvação é sempre condicional, dependendo do arrependimento e da perseverança. Deus perdoa, mas o perdão não é incondicional e independente da futura direção do pecador. Notai como o explica Ezequiel: "Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo iniqüidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória: na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá". Ezeq. 18:24.
Este versículo declara que, desviando-se um homem de sua justiça, de todos os seus atos bons "não se fará memória". O contrário também se verifica. Se o homem tiver sido ímpio, mas se desviar de seus maus caminhos, "de todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele". V. 22.
Deus mantém uma conta para cada homem. Sempre  que de um coração sincero, ascende uma súplica sincera por perdão, Ele perdoa. Mas por vezes os homens mudam de ideia. Arrependem-se de seu arrependimento. Mostram, por sua vida, que o mesmo não é duradouro. E, assim Deus, em vez de perdoar de maneira absoluta, definitiva, registra o perdão ao lado do nome das pessoas, e espera com o apagar final dos pecados para quando eles tiverem tido tempo de pensar maduramente no assunto. Se, ao fim de sua vida, se acham ainda com a mesma ideia, Ele os considera fieis, e no dia do juízo seu registro é definitivamente limpo. Assim acontecia com Israel outrora. Ao chegar o Dia da Expiação, cada ofensor tinha oportunidade de mostrar que ainda estava com o
[página 152]
mesmo espírito e queria o perdão. Se assim era, o pecado era apagado, e ele estava completamente limpo.
O dia da Expiação era o dia de juízo para Israel, como se evidencia das citações no principio deste capítulo. Dia a dia, durante o ano, os transgressores haviam chegado ao templo e recebido o perdão. No dia da Expiação esses pecados eram passados em revista diante do Senhor, ou, como diz o livro de Hebreus, se fazia “comemoração dos pecados". Heb. 10:3. Naquele dia, todo verdadeiro israelita renovava sua consagração a Deus, e confirmava seu arrependimento. Em resultado, não somente obtinha o perdão, mas era purificado. “Naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor." lev. 16:30. Deve ter sido com o coração cheio de felicidade que Israel ia para casa na tarde daquele dia. "Purificados de todos os vossos pecados". Maravilhosa segurança! A mesma promessa é dada no Novo Testamento: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo Para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça". I S. João 1:9. Não só perdoados, mas purificados também! Purificados de "toda a injustiça", de "todos os vossos pecados"!
Do juízo final, diz o revelador: "E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro que é o da vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. ''Apoc. 20:12, "Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros". O Dia da Expiação era um tipo desse dia. Não havia livros de contas no santuário. Havia, porém, registro do pecado. Cada gota de sangue espargido no altar da oferta queimada, no serviço da manhã e da tarde, constituía um registro dos pecados cometidos. Nas pontas do mesmo altar, bem como no santuário, fazia-se um registro de pecados perdoados por meio da aspersão do sangue, ao chegarem os pecado-
[153]
res com seus sacrifícios individuais para obter perdão. No dia da Expiação os pecados daqueles que já tinham obtido perdão eram apagados. Os outros, eram "extirpados". Assim era o santuário purificado do registro do pecado acumulado durante o ano. Essa purificação do registro também efetuava a purificação do povo cujos pecados já estavam perdoados. Eram apagados. Não mais permaneciam como testemunho contra eles. A expiação estava feita, e o povo não se achava sob condenação.  Estavam puros, livres, felizes. O próprio registro não existia mais.
Cabe-nos agora o dever de investigar como se realizava essa expiação. O estudioso observador desejará saber como o santuário era purificado pelo espargir de sangue, quando fora por aquele mesmo processo que ele se contaminara. Mais sangue não o haveria de contaminar ainda mais, em vez de o purificar? Também de desejara saber por que se usa um bode, e o que cada um deles efetuava; e afinal, por que é necessário um bode emissário.
Em qualquer estudo do santuário e do sacerdócio levítico, convém lembrar que tipo algum é um exato antítipo daquele a que se destinava a representar. A obra real da expiação no céu envolve tantos fatores, que é de todo impossível encontrar um paralelo terrestre. Cristo viveu, morreu e ressuscitou. Como se pode encontrar um justo símbolo para ilustrar isto? Um cordeiro pode representar a Cristo e ser morto como Ele foi. Mas como se pode mostrar a ressurreição? Pode-se usar outro animal vivo, mas o tipo não é perfeito.
O sumo sacerdote tipificava a Cristo. Mas Cristo era imaculado, e o sumo sacerdote não. Cada oferta que o sumo sacerdote oferecia pelos próprios pecados, portanto, não podia ser realmente um tipo. Por isso várias cerimônias eram necessárias para ilustrar a obra completa de Cristo; ainda assim não o conseguiam fazer ple-
[154]
namente. O sacerdote tipificava certos aspectos do ministério de Cristo. Assim acontecia com o sumo sacerdote, o véu, o pão da proposição, o incenso, o cordeiro, o bode, a oferta de manjares e muitas outras coisas no ritual do santuário. O compartimento santo tinha sua significação; da mesma maneira o santíssimo, o pátio, o altar, a pia, o propiciatório. Quase tudo era simbólico, desde as vestes sacerdotais à cinza com que se aspergiam os imundos. Todavia, tudo isso reunido não constituía um símbolo perfeito, e grande parte desse simbolismo não refletia senão imperfeitamente seu original.
Noutro capitulo se declara que Arão não somente representava o povo, como se achava, por assim dizer, identificado com eles. O que ele fazia, fazia-o o povo. O que este fazia, fazia-o ele.
O sumo sacerdote "representava todo o povo. Todos os israelitas eram considerados como estando nele". Nele "tudo quanto pertencia ao sacerdócio se acumulava, atingindo a culminância". "Quando ele pecava, o povo Pecava."
Adão era o representante do homem. Por ele "entrou o pecado no mundo". Por sua "desobediência", "muitos foram feitos pecadores". E assim "pela ofensa de um só, a morte reinou por esse", e "pela ofensa de um morreram muitos". Rom. 5:12, 19, 17 e 15.
Cristo era também o homem representativo. O segundo e o último Adão. "O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do Céu." I Cor. 15:47. Este segundo homem, "o Senhor", que "é do Céu", desfez tudo quanto o primeiro homem fizera por sua transgressão. Pela desobediência do primeiro homem "muitos foram feitos pecadores". Pela obediência do segundo homem "muitos serão feitos justos". Rom. 5:19. Pela ofensa do primeiro homem, "veio o juízo sobre todos os homens para condenação". Pela justiça do segundo, "veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida". V. 18. E assim "como todos
[155]
morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo". I Cor. 15:22
O sumo sacerdote era um tipo de Cristo, e um representante da nação. Como representante da nação, achava-se identificado com os seus pecados, e era digno de morte. Como tipo de Cristo, era seu mediador e salvador. Em ambos os casos, ele tratava com Deus pelo povo. Neste sentido, era o povo. Se Deus o aceitava, aceitava o povo nele. Se o rejeitava, nele rejeitava o povo. Por esse motivo o povo estava ansioso por ouvir o som das campainhas e das romãs no Dia da Expiação. Quando afinal, estava feita, e era completa a reconciliação, o som das campainhas ao tornar o sumo sacerdote a pôr as vestes de seu cargo, era o sinal de que Deus aceitara o substituto. Ao sair ele, e se tornar o som distintamente ouvido por todos, profundas eram sua alegria e gratidão. Deus os havia mais uma vez aceito na pessoa do sumo sacerdote.
Quando o sumo sacerdote entrava no santíssimo no Dia da Expiação, ali entrava como representante do povo. Nele aparecia Israel perante o Senhor para prestar contas dos pecados do ano. O registro desses pecados aparecia em sangue no altar da oferta queimada, e no santuário. Com o Dia da Expiação, chegara o dia do ajuste de contas, o dia do juízo, quando todos os pecados deviam passar em revista diante de Deus. O sumo sacerdote aparece na presença divina, enquanto o véu de incenso o protegia. Pela primeira vez naquele ano o pecado é levado perante Deus no santíssimo. O sumo sacerdote esparge o sangue do novilho "sobre a face do propiciatório, para a banda do oriente; e perante o propiciatório espargirá sete vezes", e recebe "expiação por si e pela sua casa". Lev. 16:14 e 11. Está limpo. Sejam quais forem os pecados com que se havia identificado, sejam quais forem os de que era responsável, passaram, em figura, ao santuário. Ele está limpo; mas o santuário não o está.
[156]
O que até então se realizou, foi o seguinte: O sumo sacerdote, em sua qualidade de representante, compareceu perante Deus e a lei. Reconheceu os próprios pecados e espargiu o sangue. A lei, com efeito, indagou:
"Pecaste?"
O sumo sacerdote respondeu: "Pequei, e confessei meus Pecados".
A lei diz: "O salário do pecado é a morte. Não tenho outra escolha senão exigir a vida".
O sumo sacerdote replica: "Eu trouxe o sangue da vítima. Aceita-o".
O sangue é espargido sobre o propiciatório. Foi aceito um substituto em lugar do pecador. Neste substituto foi posto o pecado, e como tal morreu. Pagou a pena da transgressão. Morreu em vez do pecador e pelo pecado. Pagou a dívida por causa deste contraída.
Em nossa consideração dos sacrifícios pelo pecado, foi acentuado o colocar das mãos sobre a cabeça da vítima, transferindo assim para ela a culpa. Em cada caso a vítima morre tendo a culpa sobre sua cabeça, morre pelo pecado. Assim tomou Cristo nosso pecado sobre Si e foi feito pecado. Sendo feito pecado, deve morrer; pois o salário do pecado é a morte.
Cristo, entretanto, não somente morreu pelo pecado, mas pelos pecadores. Quando morreu pelo pecado, morreu porque Se havia identificado conosco e tomado sobre Si os nossos pecados. Morreu pelos pecados, por que os nossos foram lançados sobre Ele, e cumpria-Lhe sofrer a pena. Morrendo assim pelos pecadores, satisfez as exigências da lei.
Cristo morreu, não somente como um substituto pelo pecado, mas também como o Imaculado. Tomando os nossos pecados sobre Si - com reverência - devia morrer; a lei o exigia. Mas Cristo, pessoalmente, não havia pecado. Era Imaculado; todavia morreu. E a morte do Imaculado é uma parte de-
[157]
finida do plano de Deus. A morte do pecador satisfaz a lei. A morte do Imaculado provê o resgate e liberta da morte.
Depois de o sumo sacerdote haver oferecido o novilho e espargido o sangue do mesmo sobre o propiciatório e diante dele, era-lhe mandado degolar “o bode da expiação, que será para o povo", trazer "o seu sangue para dentro do véu", e fazer "com o seu sangue como fez com o sangue do novilho", espargindo-o "sobre o Propiciatório, e perante a face do propiciatório. Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel, e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados: e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das suas imundícias". Lev. 16:15 e 16.
Foi anteriormente observado, mas convém salientar aqui, que o sangue do novilho e o do bode efetuavam duas coisas diversas. O primeiro opera expiação por Arão e sua casa. O segundo faz expiação pelo povo e o santuário. V. 11, 15 e 16. Nada se diz quanto a fazer o sangue do novilho expiação pelo santuário, ou purificá-lo, mas isto é positivamente declarado do sangue do bode. V. 15 e 16. Isto se pode explicar baseado nos seguintes fatos:
Em todos os casos em que se faz expiação por uma pessoa - com uma pequena exceção discutida algures essa expiação se efetua por meio de sangue, e indica transferência de pecados para o santuário. O pecador passa os seus pecados para a vítima que é morta, e o sangue é aspergido no altar da oferta queimada ou no lugar santo do santuário. O sangue que - por haver o pecado sido confessado sobre a vítima - se poderia chamar sangue carregado de pecado, típica e cerimonialmente, contamina o lugar onde é aspergido. Assim se toma o santuário contaminado.
Quando o sumo sacerdote sai depois de haver espargido o sangue do novilho, está limpo. Fossem quais
[158]
fossem os pecados que levava, pelos quais era responsável, haviam sido confessados e transferidos ao santuário. Quando sai do santíssimo, está purificado, livre, santo, um tipo de Cristo o Imaculado. Confessou os próprios pecados, estes lhe foram perdoados, e não tem mais nenhuma confissão a fazer por si mesmo.  O bode do Senhor, cujo sangue está prestes a espargir, também simboliza o Imaculado, o portador dos pecados. Em todas as ofertas feitas durante o ano, retratara-se a morte de Cristo, como o Imaculado. Foi feito pecado Aquele que não o conheceu. No bode, no Dia da Expiação, Ele é tipificado como o escolhido de Deus, inocente, puro.
Repetindo: No bode oferecido no Dia da Expiação, temos uma referência simbólica à morte do Cristo sem pecado, "santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus". Heb. 7:26. O sangue desse bode tem eficácia purificadora. Torna possível a purificação do santuário.
O espargir do sangue dos sacrifícios da manhã e da tarde pela nação, abrangia todo pecado cometido em todo o Israel durante aquele dia em particular. O sacrifício diário no altar, representava Cristo, que morreu por nós, "sendo nós ainda pecadores"; que "Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro  suave"; que "é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo". Rom. 5:8; Efés. 5:2; I S. João 2:2. A diária oferta queimada é portanto simbólica dAquele que Se deu a Si mesmo pelo pecado do mundo, morrendo por todos os homens, fazendo assim provisão por todos quanto houverem de ir a Ele para ser salvos. O espargir do sangue “sobre o altar em redro” denota expiação temporária ou provisória, ao mesmo tempo que constitui um registro de pecados cometidos, mas ainda não individualmente expiados.
As ofertas individuais, como pelo pecado, pela transgressão, e as ofertas queimadas, constituíam, com efeito,
[159]
um registro de pecados para os quais se buscava expiação. Os pecados já haviam sido registrados no serviço diário da manhã ã da tarde. Ora, os ofensores, como indivíduos, registravam seu arrependimento levando as ofertas exigidas, e o sangue era devidamente posto nas pontas do altar da oferta queimada ou espargido sobre o altar de incenso, diante do véu. O sangue assim espargido registrava pecados confessados. Já notamos que todos os pecados de que se fazia confissão iam ter ao santuário; pois nos casos em que o sangue não era diretamente levado ali, a carne era comida pelos sacerdotes que, por esta maneira, levavam o pecado; e quando os sacerdotes ofereciam sacrifícios por si mesmos, estes pecados eram, juntamente com os seus, levados para o lugar santo.
Este serviço do tabernáculo terrestre era típico da obra executada no santuário do alto onde se mantém um completo registro dos pecados cometidos e dos confessados. Quando o Dia da Expiação chegava, todo o Israel, esperava-se, devia ter confessado seus pecados, e ter essa confissão registrada com sangue no santuário. Para completar a obra, necessitava-se então  que o registro fosse removido, os pecados apagados, purificado o santuário de sua contaminação por causa do sangue. Antes que se fizesse essa purificação específica, o sumo sacerdote entrava no santíssimo com o sangue de um novilho, fazendo expiação por si e pela sua casa. Feito isto, começava a obra de purificação. O santíssimo era purificado com o sangue do bode, e depois, o santo. Assim era apagado o registro dos pecados. Depois, purificava-se o altar.
“E daquele sangue espargirá sobre ele com o seu dedo sete vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de Israel". Lev. 16:19. Assim acabava ele “de expiar o santuário, e a tenda da congregação, e o altar”. V. 20. Tudo estava então purificado, reconciliado, expiado.
Observar-se-á que, até aqui, nada se tem dito no re-
[l60]
latório a respeito da purificação do povo. Assim devia ser. O povo já confessara os pecados. Estavam perdoados. Só o registro de seus pecados permanecia, e nesse dia o mesmo era apagado. E, com o apagamento do registro, removia-se do santuário o derradeiro vestígio do pecado, e o povo ficava limpo. "Naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor." Lev. 16:30. Todos quantos haviam, antecipadamente, levado seus pecados a juízo, tinham-nos apagados. O apagar do registro constituía a purificação do povo. Começava o ano novo com uma página limpa.
Desejamos chamar ainda a atenção para um fato, isto é, o pôr sangue do novilho nas pontas do altar. V. 18. Que o sangue do bode seja posto no altar, não necessita mais explicação, pois isto é purificá-lo. Mas por que o sangue do novilho?
O sumo sacerdote representa todo o povo. Trata por ele com Deus. Como representante de Cristo, efetua tipicamente a expiação, de modo que, quando sua obra está concluída no Dia da Expiação, foram tratados todos os pecados, e todos os pecados de que houve confissão, apagados. Quando, pois, ele confessa esses pecados, assim o faz em favor de Israel, e recebe expiação. Daí se dizer que o sumo sacerdote faz "expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados de todos os vossos pecados”. V. 30.
Havia sem duvida em Israel pessoas que tardavam em confessar, até que era demasiado tarde para levar uma oferta individual pelo pecado antes do Dia da Expiação. Arrependiam-se, mas se tinham atrasado em ir ao santuário. Outros estavam  doentes e não podiam ir, ou estavam em viagem em terras distantes. Nenhum desses levara suas ofertas pelo pecado ou transgressão. Deviam eles ser deixados de fora?
Seus pecados estavam registrados pelo sacrifício diário da manhã e da tarde – por ele e nele – mas
[161]
Nenhuma confissão se registrara no santuário, pois não haviam levado nenhum sacrifício. Que devia ser feito? O sumo sacerdote põe do sangue nas pontas do altar, assim registrando por eles confissão e perdão. Faz a obra que eles teriam feito caso houvesse tempo, ou tivessem podido e, em virtude de seu arrependimento, são incluídos na expiação. A tais pertencem o ladrão na cruz, e outros.
Assim termina a obra do Dia da Expiação, no que respeita a todos os pecados confessados. Todo aquele que confessou os pecados e deles se arrependeu, tem a certeza de que os mesmos foram apagados. Ouviu as campainhas ao tornar o sumo sacerdote a pôr as vestes de seu ofício, anunciando a consumada obra. Esse não é somente um pecador perdoado; não está apenas perdoado, mas purificado. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." I S. João 1:9. O perdão foi concedido no serviço diário; a purificação, no Dia da Expiação. O próprio registro do pecado, foi apagado. Israel está limpo.




















Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

HISTÓRIAS DA BÍBLIA POUCO CONTADAS - Adoração Infantil 2007

44. O VERDADEIRO FILHO PRÓDIGO CONHEÇA MAIS: Lucas 15:11-32. OBJETIVO: Apreciar e agradecer sempre, as bênçãos que Deus provê cada dia. DISPOR DE: Um jovem vestido ao estilo antigo, porém com roupas elegantes, simulando ser rico. Que ele conte a história. HISTÓRIA: Quantos já escutaram a história do filho pródigo? Aquele filho que foi para muito longe, gastou tudo e logo voltou arrependido ao lar! Muitas vezes, é ensinado que esse é o “filho pródigo”. Mas quero compartilhar com vocês, a outra parte desta história. O filho pródigo não foi só o que foi embora, mas também o que ficou. Como é isso? Escutem bem. “Pródigo” significa: o que tem tudo. E esse finalmente, fui eu que fiquei. É certo que meu irmão fez algo muito errado. Pediu sua parte da herança, quando nosso pai estava ainda vivo. Isso era uma afronta. Era como dizer a um ancião que queria que ele já estivesse morto, para poder gozar da herança que era simplesmente o que meu pai tinha guardado, depois de to

JOGRAL - ENCHEI-VOS DO ESPÍRITO

Todos - Enchei-vos do Espírito! 1,2 e 3 - Enchei-vos, enchei-vos!  4 - Não é um pedido. 5,6 - É uma ordem! 2 - Mas como poderei me encher do Espírito se passo o dia todo reclamando? Todos - Pare de reclamar! 4,5 e 6 - Graças a Deus, comece a dar! Todos - Agradeça! Dê graças! Diga obrigado! 1 - Obrigado pelo dia! 2 - Obrigado pela salvação! 3 - Dou graças pela família! 4 - Dou graças pelo pão! 5 - Agradeço a Tua companhia! 6- Agradeço a Tua proteção! Todos - Enchei-vos do Espírito! Falem uns com os outros em Salmos, assim: 1 - Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de Suas mãos! 2 - O Senhor é a nossa Luz e a nossa Salvação! 3 - A Ti elevamos a nossa alma! 4 - O Senhor é a nossa Rocha, o nosso Libertador! 5 - Esperamos com paciência no Senhor! 6 - O Senhor é a Fortaleza da nossa vida: a quem temeremos? Todos - Enchei-vos do Espírito cantando! 1,2 - Cantando e louvando! 3,4 - Louvando de coração ao Senhor!

ATIVIDADES BÍBLICAS - DAVI

ILUSTRAÇÕES QUEBRA CABEÇA DESENHO PARA COLORIR AJUDANDO AS PESSOAS ENCONTRE AS DIFERENÇAS FAÇA VOCÊ MESMO ENIGMA LABIRINTO