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Capítulo 58 — A vinda de um libertador
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Capítulo 58 — A vinda de um libertador
Através dos longos séculos de “angústia e escuridão” (Isaías 8:22) que marcaram a história da humanidade
desde o dia em que nossos primeiros
pais perderam o seu lar no Éden até o tempo
em que o Filho de Deus apareceu como o Salvador dos pecadores, a
esperança da raça caída esteve centralizada
na vinda de um Libertador para livrar a homens e mulheres do cativeiro do pecado e da
sepultura.
A primeira
indicação de tal esperança foi dada a Adão e Eva na
sentença pronunciada sobre a serpente no Éden, quando o Senhor declarou a
Satanás aos ouvidos de nossos primeiros pais: “Porei inimizade entre
ti e a mulher, e entre a tua semente
e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Gênesis 3:15.
Ao atentar o culpado
para essas palavras, foram inspirados com esperança; pois na profecia
concernente ao aniquilamento do poder de Satanás eles discerniram uma promessa
de libertação da ruína que a
transgressão havia operado. Embora devessem sofrer o poder de seu adversário, dado que tinham
caído sob sua sedutora influência e haviam escolhido desobedecer
aos claros mandamentos de Jeová, não precisavam contudo entregar-se ao completo
desespero. O Filho de Deus Se oferecia para expiar com o Seu próprio sangue as
transgressões deles. Ser-lhes-ia permitido um período de graça, durante o qual,
pela fé no poder de Cristo para salvar, poderiam
tornar-se uma vez mais filhos de Deus.
Satanás,
em virtude do êxito que teve em
desviar o homem do caminho da obediência, tornou-se “o deus deste
século”.2
Coríntios 4:4. O domínio
que uma vez pertenceu a Adão passou
ao usurpador. Mas o Filho de Deus Se propôs vir à Terra a fim de pagar a penalidade do pecado, e assim não apenas redimir
o homem, mas recobrar
o domínio usurpado. É desta restauração que Miquéias profetizou quando disse: “A ti, ó torre do rebanho,
monte da filha de Sião, a ti virá; sim, a ti virá o primeiro
domínio”. Miquéias 4:8. O apóstolo Paulo a
ela se referiu como a “redenção da possessão de
Deus”. Efésios 1:14. E o salmista tinha em mente a mesma restauração final do homem em sua herança original quando declarou: “Os
justos herdarão a Terra e habitarão
nela para sempre”. Salmos 37:29.
Essa
esperança de redenção por meio do advento do Filho de Deus como Salvador e Rei
jamais se extinguiu no coração dos homens. Desde o início tem havido alguns
cuja fé tem alcançado além das sombras do presente penetrando as realidades do futuro. Adão, Sete, Enoque,
Matusalém, Noé, Sem, Abraão, Isaque
e Jacó
—
por meio
destes e outros
homens dignos o Senhor tem
preservado as preciosas revelações de Sua vontade. Assim foi que aos
filhos de Israel, povo escolhido por
cujo intermédio devia ser dado ao mundo o Messias prometido, Deus partilhou o
conhecimento dos reclamos de Sua
lei, e da salvação a ser realizada graças ao sacrifício expiatório do Seu amado
Filho.
A esperança de Israel
foi incorporada na promessa feita quando do chamado a Abraão, e posteriormente
repetida uma e outra vez a sua posteridade: “Em ti serão benditas todas as
famílias da Terra”. Gênesis 12:3. Ao ser
desdobrado a Abraão o propósito de Deus quanto à redenção do homem, o Sol da
Justiça brilhou em seu coração, e as trevas que nele havia foram dispersas. E
quando, afinal, o Salvador mesmo andou entre os filhos dos homens e com eles
falou, deu testemunho aos judeus sobre a gloriosa esperança do patriarca, de
livramento através da vinda de um Redentor. “Abraão, vosso pai, exultou por ver
o Meu dia”, Cristo declarou, “e viu-o e alegrou-se”. João
8:56.
Essa mesma
bem-aventurada esperança foi esboçada na bênção pronunciada pelo patriarca
moribundo, Jacó, sobre seu filho Judá:
“Judá, a ti louvarão os teus
irmãos;
a tua mão será sobre o
pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão. [...]
O cetro não se arredará
de Judá, nem o legislador dentre seus pés,
Até que venha Siló;
e a Ele se congregarão os povos”.
Gênesis 49:8-10.
Em outra ocasião, nos
limites da terra prometida, a vinda do Redentor foi predita na profecia
proferida por Balaão:
“Vê-Lo-ei, mas não agora;
contemplá-Lo-ei, mas
não de perto; uma estrela procederá de
Jacó,
e um cetro subirá de
Israel, que ferirá os termos dos moabitas,
e destruirá todos os filhos de Sete.”
Números 24:17.
Por
intermédio de Moisés, o propósito de Deus de enviar Seu Filho como
redentor da raça
caída, foi mantido
perante Israel. Uma ocasião, pouco antes de sua morte,
Moisés declarou: “O Senhor teu Deus te despertará um Profeta do meio de ti, de
teus irmãos, como eu; a Ele ouvireis.” Claramente
havia sido Moisés instruído no interesse de Israel sobre
a obra do Messias que havia de vir. “Eu
lhes suscitarei um Profeta do meio de seus irmãos,
como tu”, foi a
palavra de Jeová ao Seu servo; “e porei as Minhas palavras
na Sua boca, e Ele lhes falará
tudo o que Eu Lhe ordenar”. Deuteronômio 18:15, 18.
Nos tempos
patriarcais, as ofertas
sacrificais relacionadas com
o culto divino constituíam uma lembrança perpétua da vinda de um Salvador; e assim era com todo o ritual
dos sacrifícios do santuário
na história de Israel. Na ministração do tabernáculo, e do templo que posteriormente lhe tomou o lugar,
o povo era ensinado
cada dia, por meio de
símbolos e sombras, a respeito das grandes verdades
relativas ao advento de Cristo como Redentor, Sacerdote e Rei;
e uma vez em cada ano tinham a mente voltada para os eventos finais do grande conflito
entre Cristo e Satanás, a purificação final do Universo do pecado e pecadores.
Os sacrifícios e ofertas do ritual mosaico deviam sempre apontar
para uma adoração
melhor, ou seja, celestial. O santuário terrestre era “uma alegoria para
o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios”; seus dois lugares santos
eram “figura das coisas que estão no Céu” (Hebreus 9:9, 23); pois Cristo, nosso
grande Sumo Sacerdote, é hoje “Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem”. Hebreus 8:2.
Desde
o dia que o Senhor declarou à serpente no Éden: “Porei inimizade entre
ti e a mulher, e entre a tua semente
e a sua semente” (Gênesis 3:15), Satanás tem conhecido que ele não
pode jamais manter absoluto domínio
sobre os habitantes deste mundo. Quando Adão e seus filhos
começaram a oferecer
os sacrifícios cerimoniais ordenados por Deus como um
tipo da vinda do Redentor, Satanás reconheceu
neles um símbolo
da comunhão entre Terra e Céu. Durante os longos séculos
que se têm seguido, tem sido seu constante
esforço interceptar esta
comunhão. Incansavelmente tem ele procurado representar a Deus falsamente,
e interpretar com falsidade os ritos que apontam para o Salvador; e tem sido
bem-sucedido com grande maioria da família humana.
Enquanto Deus desejava ensinar
aos homens que do Seu próprio amor vem o
Dom que os reconcilia com Ele, o arquiinimigo da
humanidade tem procurado representar a
Deus como alguém que Se deleita na destruição deles.
Assim os sacrifícios e ordenanças designados pelo Céu para que
revelem o divino amor, têm
sido pervertidos de molde
a servir como
meio pelo qual
os pecadores têm em vão esperado propiciar, com donativos e boas obras,
a ira de um Deus ofendido. Ao mesmo tempo
Satanás tem procurado despertar e fortalecer as más paixões dos homens, para que através
de repetidas transgressões possam as multidões ser levadas
cada vez mais longe de Deus,
ficando sem esperança amarradas nos grilhões
do pecado. Quando a
Palavra escrita de Deus foi dada por intermédio dos profetas hebreus, Satanás
estudou com diligência as mensagens sobre o Messias. Ele sublinhou
cuidadosamente as palavras que esboçavam com inconfundível
clareza a obra de Cristo entre os
homens como um sofredor sacrifício e
como um rei conquistador. Nos rolos de pergaminho das Escrituras do Antigo Testamento ele leu que Aquele que devia aparecer, “como um cordeiro
foi levado ao matadouro” (Isaías 53:7), que “o Seu
parecer estava
tão desfigurado, mais do que
o de outro qualquer”. Isaías 52:14. O
prometido Salvador da humanidade devia ser “desprezado, e o mais indigno entre
os homens, homem de dores [...] ferido de Deus e oprimido” (Isaías 53:4) contudo devia Ele também exercer Seu
grande poder para julgar “os aflitos do povo.” Ele devia salvar “os filhos do
necessitado”, e quebrar “o opressor”. Salmos 72:4.
Estas profecias levaram Satanás a temer e tremer; mas ele não renunciou ao seu propósito de frustrar, se
possível, as misericordiosas providências de
Jeová para a redenção da ração perdida. Ele se determinou cegar os olhos do povo, tanto quanto fosse possível, para o
real significado das profecias messiânicas, a fim de preparar o caminho para rejeição de Cristo em Sua vinda.
Durante
os séculos que imediatamente precederam o dilúvio, Satanás tinha alcançado sucesso
em seus esforços para levar a uma
quase total rebelião do mundo
contra Deus. E nem mesmo
as lições do dilúvio
foram tidas em lembrança por muito tempo.
Com artificiosas insinuações Satanás mais uma
vez levou os filhos
dos homens passo a passo a
ousada rebelião. De novo parecia
estar ele prestes a triunfar; mas o propósito
de Deus em favor do homem caído não devia ser assim posto
de lado. Através
da posteridade do fiel Abraão, da linhagem de Sem, o
conhecimento dos desígnios beneficentes de Deus devia
ser preservado no benefício de futuras gerações. De tempos em tempos
mensageiros da verdade
divinamente apontados deviam ser despertados para
chamar a atenção
para o significado das cerimônias sacrificais, e especialmente para a promessa de
Jeová referente ao advento dAquele para quem todas as ordenanças do sistema sacrifical apontavam. Assim o mundo devia
ser preservado da apostasia universal.
Não havia
de ser sem a mais determinada oposição
que o propó- sito de Deus
seria levado
a êxito. De toda maneira
possível o inimigo da verdade e da justiça
obrou para levar os descendentes de Abraão a esquecer seu alto e santo
chamado e a se desviarem para a adoração a deuses falsos. E muitas vezes esses esforços quase alcançaram sucesso.
Durante séculos antes do primeiro advento de
Cristo, as trevas cobriram a Terra e densa escuridão os povos. Satanás
lançou sua sombra infernal no caminho dos
homens, a fim
de que não
tivessem conhecimento de Deus e do mundo
futuro. Multidões estavam assentadas na sombra da morte. Sua única esperança
era que essas trevas fossem espancadas, a fim de que Deus
pudesse ser revelado. Com visão profética Davi, o
ungido de Deus, predissera que a
vinda de Cristo seria “como a luz da
manhã, quando sai o Sol, da manhã sem nuvens”.2 Samuel
23:4. E Oséias
testificou: “Como a alva
será a Sua saída”. Oséias 6:3. Quieta
e gentilmente a luz do dia
irrompe sobre a Terra, dispersando a
sombra de trevas, enchendo a Terra de vida. Assim devia o Sol da Justiça erguer-Se, “trazendo salvação sob as Suas asas. Malaquias 4:2. As multidões que “habitavam na
região da sombra da morte” deviam ver “uma grande luz”. Isaías 9:2.
O
profeta Isaías, exultando por esta gloriosa libertação, exclamou:
“Um Menino nos nasceu
um Filho se nos deu; e o principado está sobre os Seus ombros;
e o Seu nome será: Maravilhoso Conselheiro,
Deus
forte, Pai da
eternidade, Príncipe da paz.
Do incremento deste principado
e da paz não haverá fim, Sobre o trono de Davi e no seu reino,
para o firmar e o fortificar,
Em juízo e em justiça,
desde agora para sempre;
o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto”.
Isaías 9:6, 7.
Nos últimos séculos da
história de Israel antes do primeiro advento, era geralmente entendido que a
vinda do Messias fora referida na profecia: “Pouco é que sejas o Meu servo,
para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os guardados de Israel;
também te dei para luz dos gentios, para seres a Minha salvação até à extremidade
da Terra”. Isaías 49:6. “A glória do Senhor
se manifestará”, o profeta tinha predito, “e toda a carne juntamente verá”. Isaías 40:5. Foi desta luz dos homens que João
Batista mais tarde testificou tão ousadamente, quando proclamou: “Eu sou a voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, como disse o profeta
Isaías”. João 1:23.
Foi a Cristo que a
promessa profética foi dada: “Assim diz
o Senhor, o Redentor de Israel, o seu Santo, à alma desprezada, ao que as nações abominam. [...] Assim diz o
Senhor: “E te guardarei, e te darei por concerto do povo, para restaurares a Terra,
e lhe dares em herança as herdades assoladas; para dizeres aos presos:
Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei.
[...] Nunca terão fome nem sede, nem
a calma nem o Sol os afligirá; porque o que
Se compadece deles os guiará, e os levará mansamente aos mananciais de águas”.
Isaías 49:7-10.
Os inflexíveis na nação judaica,
descendentes daquela linha
santa por cujo intermédio o conhecimento de Deus fora preservado, fortaleceram sua fé na consideração
dessas passagens e de outras similares. Com extraordinária satisfação eles leram
como o Senhor ungiria Alguém “para pregar boas-novas aos mansos”, “restaurar os
contritos de coração”, “proclamar liberdade aos cativos”, e “apregoar o ano
aceitável do Senhor”. Isaías 61:1, 2.
Contudo o seu coração se enchia de tristeza ao pensarem nos sofrimentos que Ele
precisava enfrentar para cumprir o propósito divino. Com profunda humilhação de
alma acompanhavam as palavras no rolo profético:
“Quem deu crédito a nossa pregação?
E a quem se manifestou o braço do Senhor?
Porque foi subindo como
renovo perante Ele, e como raiz de uma terra
seca;
não tinha parecer nem formosura;
e, olhando nós para
Ele, nenhuma beleza víamos, para que O desejássemos.
Era desprezado,
e o mais indigno entre os homens;
homem de dores, e
experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto,
era desprezado, e não fizemos dEle caso algum.
Verdadeiramente Ele
tomou sobre Si as nossas enfermidades,
e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputamos por aflito,
ferido de Deus, e oprimido.
Mas Ele foi ferido
pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades;
o castigo que nos traz
a paz estava sobre Ele, e pelas Suas
pisaduras fomos sarados.
Todos
nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho;
mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de
todos nós.
Ele foi oprimido, mas
não abriu a Sua boca; como um cordeiro foi levado
ao matadouro,
e, como a ovelha muda
perante os seus tosquiadores, Ele não abriu a Sua boca.
Da opressão e do juízo foi tirado;
E quem contará o tempo da Sua vida?
Porquanto foi cortado da Terra dos viventes;
pela transgressão do Meu povo foi Ele atingido.
E puseram a Sua
sepultura com os ímpios, E com o rico na Sua
morte;
porquanto nunca fez injustiça,
nem houve engano na Sua boca”.
Isaías 53:1-9.
Com respeito aos sofrimentos do Salvador,
Jeová mesmo declarou por intermédio de Zacarias: “Ó espada, ergue-te
contra o Meu Pastor e contra o varão que é o Meu
companheiro”. Zacarias 13:7. Como substituto e garantia pelo pecado do homem, Cristo sofreria
sob a justiça divina. Ele
compreenderia o que
justiça significa; sabe- ria o que significa para o pecador
estar sem intercessor na presença de Deus.
Pelo salmista o Redentor mesmo profetizara
de Si:
“Afrontas me
quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo:
Esperei por alguém que
tivesse compaixão, mas não houve nenhum;
e por consoladores, mas não os achei.
Deram-Me fel por mantimento,
e na Minha sede Me deram a beber vinagre”.
Salmos 69:20, 21.
Sobre o tratamento que deveria receber, Ele profetizou: “Pois Me
rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores Me cercou, transpassaram-Me as mãos e os pés. Poderia contar todos os Meus
ossos; eles veem, e Me contemplam. Repartem entre si os Meus vestidos, e lançam
sorte sobre a Minha túnica”. Salmos 22:16-18.
Essas retratações do
amargo sofrimento e cruel morte do Prome- tido, penosos como fossem, eram ricos
em promessa; pois dAquele de quem se diz que “ao Senhor agradou moê-Lo,
fazendo-O enfermar”, para que Se pudesse tornar “uma oferta pelo pecado”, Jeová
declarou:
“A Sua
posteridade, prolongará os dias;
e o bom prazer do Senhor prosperará na Sua mão.
O trabalho da Sua alma
Ele verá, e ficará satisfeito;
com o Seu conhecimento
o Meu Servo, o Justo, justificará a muitos,
porque as iniquidades deles levará sobre Si.
Pelo que Lhe darei a parte de muitos,
e com os poderosos
repartirá Ele o despojo; porquanto derramou a Sua alma na morte,
e foi contado com os transgressores;
mas Ele levou sobre Si os pecados de muitos, e
pelos transgressores intercede”.
Isaías 53:10-12.
Foi o amor pelos pecadores que levou
Cristo a pagar o preço da redenção. “Viu que ninguém havia,
e maravilhou-Se de que não houvesse intercessor”; nenhum outro
poderia resgatar os homens e mulheres do poder do inimigo; “pelo
que o Seu próprio braço
Lhe
trouxe a salvação, e a
Sua própria justiça O susteve”. Isaías 59:16.
“Eis aqui o Meu Servo, a quem sustenho;
o Meu Eleito, em quem
Se compraz a Minha alma; pus o Meu Espírito sobre Ele;
Juízo produzirá entre os gentios”.
Isaías 42:1.
Em Sua vida
nenhuma consideração pessoal
devia estar presente. A honra que o mundo atribui a
posição, riqueza e talento,
devia ser estranha ao Filho de Deus. Nenhum dos meios que os homens empregam para conseguir
submissão ou requerer homenagem, devia o
Messias usar. Sua completa renúncia
do eu foi prefigurada nas palavras:
“Não clamará, não Se exaltará,
nem fará ouvir a Sua voz na praça.
A cana trilhada não quebrará,
nem apagará o pavio que fumega”.
Isaías 42:2, 3.
O Salvador devia conduzir-Se entre os homens em marcante contraste com
os ensinadores dos
Seus dias. Em Sua vida
nenhuma ruidosa batalha, nem
ostensiva adoração, nem
ato para ganhar
aplausos deviam jamais
ser testemunhados. O Messias devia
estar oculto em Deus,
e Deus devia ser revelado
no caráter do Seu Filho.
Sem o conhecimento de Deus, a humanidade estaria
para sempre perdida. Sem o auxílio divino,
homens e mulheres afundariam cada vez
mais. Vida e poder deviam ser
conferidos por Aquele que fez o mundo. As necessidades do homem não podiam ser
satisfeitas de nenhum outro modo.
Ainda
mais foi profetizado do Messias: “Não faltará nem será quebrantado, até que ponha
na Terra o juízo;
e as ilhas aguardarão a
Sua doutrina.” O Filho de Deus devia
“engrandecer a lei, e fazê- la
gloriosa”. Isaías 42:4, 21. Não devia
diminuir sua importância e obrigatórios reclamos; ao contrário, devia
exaltá-la. Devia ao mesmo tempo aliviar
os preceitos divinos
das fatigantes exigências sobre eles postas pelo homem,
pelo que muitos eram levados ao
desencorajamento em seus esforços para servir a Deus de maneira
aceitável.
Sobre a missão do Salvador,
a palavra de Jeová foi:
“Eu o Senhor Te chamei em
justiça, e Te tomarei pela mão, e Te guardarei, e Te darei por concerto do povo,
e para luz dos gentios; para abrires
os olhos dos cegos, para tirar da prisão
os presos, e do cárcere
os que jazem em trevas. Eu sou o Senhor; este é o Meu
nome; a Minha glória pois a outrem não darei, nem o Meu louvor às imagens de
escultura. Eis que as primeiras
coisas passaram, e novas coisas Eu vos anuncio, e, antes que venham à
luz, vo-las faço saber”. Isaías 42:6-9.
Por meio da prometida semente, o Deus de Israel
ia levar livra- mento a
Sião. “Brotará um rebento do trono de Jessé, e das raízes um renovo frutificará”. Isaías 11:1. “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho,
e será o Seu nome Emanuel. Manteiga
e mel comerá, até que Ele
saiba rejeitar o mal e escolher o bem”. Isaías
7:14, 15.
“E repousará sobre Ele o Espírito do Senhor, o
Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza,
e Espírito de conhecimento e de temor
do Senhor. E deleitar-Se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos Seus
olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos Seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres, e repreenderá com equidade os mansos da Terra; e ferirá a Terra com a vara de Sua boca, e com o sopro dos Seus lábios
matará o ímpio. E a justiça será o cinto do Seus lombos, e a verdade
o cinto dos Seus rins.” “E acontecerá naquele
dia que as nações perguntarão pela raiz de Jessé,
posta por pendão
dos povos, e o lugar do Seu repouso
será glorioso”. Isaías 11:2-5, 10.
“Eis
aqui o homem cujo nome é Renovo; Ele brotará do Seu lugar, e edificará o templo do Senhor.
[...] E levará a glória, e assentar-
Se-á, e dominará no Seu trono, e será como o sacerdote no Seu trono”. Zacarias 6:12, 13.
Uma
fonte devia ser aberta “contra o pecado, e contra a impureza” (Zacarias 13:1); os filhos dos
homens deviam ouvir
o bendito convite:
“Ó vós, todos os que tendes sede,
vinde às águas,
e os que não tendes
dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai,
sem dinheiro e sem preço vinho e leite.
Por que gastais o dinheiro naquilo que não
é pão?
E o produto do vosso
trabalho naquilo que não pode satisfazer?
Ouvi-Me atentamente, e
comei o que é bom,
e a vossa alma se
deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a Mim;
ouvi, e a vossa alma viverá;
porque convosco farei
um concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi”.
Isaías 55:1-3.
A Israel
foi feita a promessa: “Eis que Eu O dei como testemunha aos povos, como Príncipe
e Governador dos povos. Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e
uma nação que nunca Te conheceu
correrá para Ti, por amor do Senhor
teu Deus, e do Santo de Israel; porque Ele Te
glorificou”. Isaías 55:4, 5.
“Faço chegar
a Minha justiça,
e não estará ao longe,
e a Minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião a
salvação, e em Israel a Minha
glória”. Isaías 46:13.
Em palavras
e em obras o Messias
devia revelar à humanidade
durante o Seu ministério terrestre a glória de Deus, o Pai. Cada ato
de Sua vida, cada palavra
proferida, cada milagre
operado, devia ter em vista tornar conhecido à
humanidade caída o infinito amor de Deus.
“Tu, anunciador de
boas-novas a Sião, sobe tu a um monte alto.
Tu, anunciador de
boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz
fortemente;
levanta-a, não temas,
e dize às cidades de
Judá: Eis aqui está o vosso Deus!
Eis que o Senhor Jeová
virá como o forte, e o Seu braço dominará;
eis que o Seu galardão
vem com Ele, e o Seu salário diante da Sua
face.
Como pastor apascentará
o Seu rebanho; entre os Seus braços recolherá os cordeirinhos,
e os levará
no Seu regaço;
as que amamentam, Ele guiará mansamente”.
Isaías
40:9-11. “Naquele dia os surdos
ouvirão as palavras do Livro,
e dentre a escuridão e
dentre as trevas as verão os olhos dos cegos.
E os mansos terão
gozo sobre gozo no Senhor,
e os necessitados entre
os homens se alegrarão no Santo de
Israel.
E os errados de
espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão a doutrina”.
Isaías 29:18, 19, 24.
Assim, através dos patriarcas e profetas, bem como de símbolos
e tipos, Deus falou ao mundo sobre a vinda de um Libertador do pecado. Uma longa
linha de inspiradas profecias apontava para o advento do “Desejado de todas as nações”.
Ageu 2:7. Até mesmo o próprio lugar do Seu nascimento, e o tempo do Seu aparecimento,
foram minuciosamente especificados.
O
filho de Davi deveria nascer na cidade de Davi. De Belém, dissera o profeta,
“Me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade”. Miquéias 5:2.
“E tu, Belém, terra de Judá,
de modo nenhum és a
menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia Que há
de apascentar o Meu povo de Israel”.
Mateus 2:6.
Diagrama
das “setenta semanas” que foram decretadas para o povo de Deus. O advento de
Cristo comprovou ser verdadeira a profecia.
O tempo
do primeiro advento
e de alguns dos principais eventos relacionados com as funções da vida do Salvador, foi feito conhecido pelo anjo Gabriel a Daniel. “Setenta semanas”, disse
o anjo, “estão determinadas sobre o teu povo,
e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados,
e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna,
e selar a visão e a profecia,
e para ungir o Santo dos
santos”. Daniel 9:24. Um dia na profecia representa
um ano. Números 14:34; Ezequiel 4:6. As setenta semanas, ou quatrocentos
e noventa dias, representam quatrocentos e noventa anos. É dado um ponto de partida para este período:
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém, até o Messias, o Príncipe,
sete semanas, e sessenta e duas semanas” (Daniel
9:25), sessenta e nove semanas,
ou quatrocentos e oitenta e três anos. A ordem para restaurar e edificar
Jerusalém, completada pelo decreto de Artaxerxes Longímano (Esdras 6:14;7:1, 9),
entrou em vigor no outono de 457 a.C. Partindo desta data os quatrocentos e
oitenta e três anos se estendem até o outono de 27 d.C. De acordo com a profecia, este período devia
alcançar o Messias,
o Ungido (Em 27 d.C.), Jesus recebeu em Seu
batismo a unção do Espírito Santo, e pouco depois deu início ao Seu ministério.
Então foi proclamada a mensagem: “O tempo está cumprido”. Marcos 1:15.
Então, disse
o anjo: “Ele confirmará o concerto com muitos por uma
semana sete anos.” Durante
sete anos desde
o início do ministério
do Salvador, o evangelho devia ser
pregado especialmente aos judeus: três e meio anos pelo próprio Cristo e depois
pelos após- tolos. “Na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares”. Daniel 9:27. Na primavera de 31
d.C., Cristo, o verdadeiro sacrifício, foi oferecido no Calvário. Então o véu
do templo fendeu-se em duas
partes, mostrando que a santidade e o significado do sacrifício expiatório tinham
findado. Chegara o tempo para que o sacrifício terrestre e a oferta de manjares cessassem.
A
semana — sete anos — findou em 34 d.C. Então pelo apedrejamento de Estêvão os
judeus selaram finalmente sua rejeição do evangelho; os discípulos que
foram espalhados pela
perseguição “iam por toda parte, anunciando a Palavra” (Atos dos Apóstolos 8:4); e pouco depois,
Saulo o perseguidor foi convertido, e tornou-se
Paulo, o apóstolo dos gentios.
As inúmeras profecias
relacionadas com o advento do Salvador levaram
os hebreus a viver em
constante expectação. Muitos morreram na fé, sem terem recebido as promessas.
Mas vendo-as de longe, e crendo-as,
confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na Terra. Desde os dias de Enoque as promessas repetidas através dos
patriarcas e profetas mantiveram viva a
esperança do aparecimento do Messias.
Não
revelara Deus desde o início o tempo exato do primeiro advento; e mesmo quando
a profecia de Daniel tornou este fato conhecido, nem todos interpretaram
corretamente a mensagem.
Séculos após séculos passaram; finalmente as vozes
dos profetas cessaram. A mão do opressor pesava sobre Israel. Como os judeus se afastaram de Deus, a fé decaiu,
e a esperança quase deixou de iluminar o futuro.
As palavras dos profetas foram
incompreendidas por muitos; e aqueles cuja
fé devia ter continuado forte,
prontamente exclamaram: “Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a
visão?” Ezequiel 12:22. Mas no conselho do
Céu a hora para a vinda de
Cristo
tinha sido determinada; e “vindo a plenitude
dos tempos,
Deus enviou o Seu Filho [...] para
remir aos que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. Gálatas 4:4, 5.
As lições deviam ser dadas à humanidade na linguagem da humanidade. O Mensageiro do concerto devia
falar. Sua voz devia
ser ouvida no Seu
próprio templo. Ele, o autor
da verdade, devia
separar da verdade a palha do falar humano,
que a tinha tornado de nenhum
efeito. Os princípios do governo de Deus e o plano da redenção deviam ser
claramente definidos. As lições do Antigo Testamento deviam ser completamente expostas
diante dos homens.
Quando o Salvador finalmente apareceu “na forma de homem” (Filipenses 2:7), e começou o Seu ministério de graça, Satanás
pôde apenas ferir-Lhe o calcanhar, enquanto que pelo próprio ato de
humilhação e sofrimento Cristo estava ferindo
a cabeça do Seu adversário. A angústia que o pecado provocou, foi derramada no
seio do Imaculado; e enquanto
Cristo suportava a contradição dos pecadores contra Si, estava também pagando o débito do homem
pecador, e quebrando o cativeiro
em que a humanidade havia sido
retida. Cada agonia, cada insulto,
estava operando o livramento do ser humano.
Tivesse Satanás podido induzir Cristo a Se render à mais leve tentação, tivesse ele podido
levá-Lo por um ato ou mesmo um pensamento a manchar Sua perfeita pureza,
o príncipe das trevas
teria triunfado sobre o Penhor do homem, e teria ganho para si toda a família humana.
Mas embora Satanás
pudesse angustiar, não poderia
contaminar. Ele poderia
causar agonia, mas
não envilecimento. Ele tornou a vida de Cristo uma longa cena de conflito
e provação; mas em
cada ataque ele
perdia seu domínio
sobre a humanidade.
No deserto da tentação,
no jardim de Getsêmani e sobre a cruz, nosso Salvador mediu armas com o
príncipe das trevas. Suas feridas
tornaram-se troféus de Sua vitória em favor
da raça. Quando Cristo pendia agonizante da cruz, enquanto
os espíritos do mal jubilavam, e homens ímpios injuriavam, Seu calcanhar estava então sendo ferido por Satanás. Mas
por esse próprio ato estava esmagando
a cabeça da serpente. Por meio da morte Ele destruiu “ao que tinha o império da
morte, isto é, ao diabo”. Hebreus 2:14. Este
ato decidiu o destino do chefe rebelde, e tornou para sempre firme o plano de
salvação. Na morte, Ele ganhou a vitória sobre o poder da morte; e
ressuscitando, abriu as portas da sepultura para todos os Seus seguidores.
Nesta última grande contenda, vemos cumprida a profecia: “Esta te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar”. Gênesis 3:15.
“Amados,
agora somos filhos de Deus, e
ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se
manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos”.1 João 3:2. Nosso Redentor abriu o caminho, para
que o mais pecador, o mais
necessitado, o mais oprimido e desprezado, possa encontrar acesso ao Pai.
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