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Este capítulo é baseado em Neemias 8-10.
Era o tempo da Festa das Trombetas. Muitos estavam reunidos em
Jerusalém. O cenário dava uma impressão lastimável. O muro de Jerusalém tinha
sido reconstruído, e as portas assentadas; mas uma grande parte da cidade estava
ainda em ruínas.
Sobre uma plataforma de madeira, erguida numa das ruas mais largas, e rodeado
por todos os lados por tristes lembranças da antiga glória de Judá, estava Esdras,
agora envelhecido. A sua direita e a sua esquerda reuniram-se seus irmãos
levitas. Olhando do alto da plataforma, seus olhos percorreram o mar de cabeças.
Os filhos do concerto tinham-se congregado de todos os recantos do país. “E
Esdras louvou o Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém [...] e
inclinaram-se, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra”. Neemias 8:6.
Entretanto mesmo aqui estava a evidência do pecado de Israel. Através de
casamento misto do povo com outras nações, a linguagem hebraica tinha-se
tornado corrompida, e grande cuidado era necessário da parte dos oradores, para
explicar a lei na linguagem do povo, a fim de que pudesse ser entendida por
todos. Alguns dos sacerdotes e levitas uniram-se com Esdras na explicação dos
princípios da lei. “E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e
explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.”
“E os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei”. Neemias
8:8, 3. “Eles ouviam, absortos e reverentes, as palavras do Altíssimo. Sendo a
lei explicada, eles se convenceram de sua culpa, e choraram por causa de suas transgressões.
Mas esse era um dia festivo, um dia de regozijo, uma santa convocação, um dia
no qual o Senhor tinha ordenado ao povo que se mostrasse alegre e jubiloso; e em
vista disto foram chamados a restringir suas mágoas, e a se rejubilarem por causa
da grande misericórdia do Senhor para com eles. “Este dia é consagrado ao
Senhor vosso Deus”, disse Neemias, “pelo que não vos lamenteis, nem choreis. [...]
Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm
nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não
vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força”. Neemias 8:9, 10.
A primeira parte do dia fora devotada a exercícios religiosos, e o povo despendeu
o resto do tempo em grata reconsideração das bênçãos de Deus, e em desfrutar a
abundância que Ele provera. Porções foram também enviadas aos pobres que nada tinham
para preparar. Houve grande regozijo, por causa das palavras da lei que haviam sido
lidas e entendidas.
No dia seguinte, a leitura e explicação da lei teve prossegui- mento. E
no tempo indicado — no décimo dia do sétimo mês — realizaram-se as solenes cerimônias
do dia da expiação, de acordo com a ordenação de Deus.
Do décimo quinto ao vigésimo segundo dia do mesmo mês, o povo e seus
chefes guardaram uma vez mais a Festa dos Tabernáculos. “E fizeram passar
pregão por todas as suas cidades, e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte, e
trazei ramos de oliveiras, e ramos de zambujeiros, e ramos de murtas, e ramos de
palmeiras, e ramos de árvores espessas, para fazer cabanas, como está escrito.
Saiu, pois, o povo, e de tudo trouxeram, e fizeram para si cabanas, cada um no
seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da casa de Deus. [...] E houve mui
grande alegria. E de dia em dia ele Esdras lia no livro da lei de Deus, desde o
primeiro dia até ao derradeiro”. Neemias 8:15-18.
Ao atentar dia a dia para as palavras da lei, o povo ficara convencido
de suas transgressões, e dos pecados de sua nação em passadas gerações. Viram que
fora por causa do afastamento de Deus que Seu cuidado protetor tinha sido retirado,
e que os filhos de Abraão tinham sido espalhados pelas terras estrangeiras; e
se determinaram buscar Sua misericórdia e empenharem-se em andar nos Seus
mandamentos. Antes de entrarem nesta solene cerimônia, que tivera lugar no
segundo dia após o encerramento da Festa dos Tabernáculos, eles se separaram
dos pagãos que havia entre eles.
Prostrando-se o povo ante o Senhor, e confessando os seus pecados e
suplicando perdão, seus líderes os encorajaram a crer que Deus, segundo a Sua
promessa, ouvira suas orações. Não deviam eles apenas lamentar e chorar e arrepender-se,
mas deviam crer que Deus os perdoara. Deviam mostrar sua fé passando em revista
Suas misericórdias e louvá-Lo por Sua bondade. “Levantai-vos”, disseram esses
ensinadores, “bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade.”
Então da multidão reunida, ao se levantarem com as mãos estendidas para
o céu, elevou-se o cântico:
“Bendigam o nome da Tua glória, que
está levantado sobre toda a bênção e louvor. Tu só és Senhor, Tu fizeste o Céu,
o Céu dos Céus, e todo o seu exército, a
Terra e tudo quanto nela há, os mares e
tudo quanto neles há, e Tu os guardas em vida a
todos, E o exército dos Céus Te
adora”.
Neemias 9:5, 6.
Findo o cântico de louvor, os líderes da congregação relataram a
história de Israel, mostrando quão grande tinha sido a bondade de Deus para com
eles, e como tinha sido grande a ingratidão deles. Então toda a congregação entrou
num concerto para guardar os mandamentos de Deus. Eles haviam sofrido a punição
por seus pecados; agora reconheciam a justiça do trato que Deus lhes
dispensara, e se comprometeram em obedecer a Sua lei. E para que este fosse “um
firme concerto”, sendo preservado em forma permanente, como um memorial da obrigação
que haviam tomado sobre si, foi ele escrito, e os sacerdotes, levitas e
príncipes o assinaram. Devia ele servir como um memorando do dever e uma
barreira contra a tentação. O povo fez um solene juramento de que “andariam na
lei de Deus, que foi dada pelo ministério de Moisés, servo de Deus, e de que
guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Senhor, e os Seus
juízos e os Seus estatutos”. O juramento feito nesse dia incluía a promessa de
não se casarem com o povo da terra.
Antes que o dia de jejum findasse, o povo manifestou ainda sua
determinação de retornar ao Senhor, comprometendo-se a cessar de profanar o
sábado. Neemias não fizera nessa ocasião, como o fez mais tarde, valer sua autoridade para evitar
que os mercadores pagãos entrassem em Jerusalém; mas num esforço para salvar o povo
de se render à tentação, obrigou-os, por um solene concerto, a não transgredirem
a lei do sábado comprando desses mercadores, na esperança de que isto desencorajasse
os vendedores e pusesse fim ao seu comércio.
Tomou-se providência também para o sustento do culto público a Deus.
Além do dízimo, a congregação se comprometeu a contribuir anualmente com uma
soma estabelecida para o serviço do santuário. “Também lançamos sortes”,
escreve Neemias, “que também traríamos as primeiras novidades da nossa terra, e
todos os primeiros frutos de todas as árvores, de ano em ano, à casa do Senhor;
e os primogênitos dos nossos filhos, e os do nosso gado, como está escrito na
lei; e que os primogênitos das nossas vacas e das nossas ovelhas traríamos à
casa do nosso Deus”. Neemias 10:35, 36.
Israel tinha voltado para Deus com profunda tristeza pela apostasia.
Haviam feito confissão com lamentação e pranto. Haviam reconhecido a justiça do
trato de Deus para com eles, e tinham feito o concerto para obedecer a Sua lei.
Agora eles deviam manifestar fé em Suas promessas. Deus havia aceito o seu
arrependimento; deviam agora alegrar-se na certeza do perdão dos pecados e na sua
restauração ao favor divino.
Os esforços de Neemias para restaurar o culto do verdadeiro Deus tinham sido
coroados de sucesso. Enquanto o povo fosse leal ao juramento feito, enquanto fosse
obediente à Palavra de Deus, o Senhor cumpriria Sua promessa derramando ricas
bênçãos sobre eles.
Há para os que estão convictos do pecado e carregados com o senso de sua
indignidade lições de fé e encorajamento neste relato. A Bíblia apresenta
fielmente o resultado da apostasia de Israel; mas ela pinta também a profunda
humilhação e arrependimento, a fervente devoção e generoso sacrifício que
assinalaram suas ocasiões de retorno para o Senhor.
Toda conversão verdadeira ao Senhor produz permanente alegria na vida.
Quando um pecador se rende à influência do Espírito Santo, ele vê sua própria
culpa e mácula em contraste com a santidade do grande Pesquisador dos corações.
Ele se vê a si mesmo condenado como
transgressor. Mas não deve por
causa disto entregar-se ao desespero; pois o seu perdão já
está assegurado. Ele pode alegrar-se na certeza do perdão dos pecados, no amor
de um perdoador Pai celestial. É a glória de Deus envolver os seres humanos pecadores
arrependidos nos braços do Seu amor, ligar suas feridas, purificá-los do pecado
e vesti-los com os vestidos da salvação.
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