BRINCANDO DE MORRER
ATOS 5. 1-10
-Muitas pessoas perguntam assustadas “Por que Deus trata de forma tão
dura com o pecado e com os pecadores? Por que Ele parece ser tão intransigente
com pequenas faltas e erros?”.
1- ELE SABE QUÃO MORTAL É O PECADO.
* Foi na madrugada chuvosa do dia 16 de julho de 1945, numa área de
testes de bombas do exército americano, em Alamogordo, Novo México, quando
ocorreu a primeira explosão nuclear da história. Umas luz vinte vezes mais brilhante
que a do sol, acendeu a noite e fez o céu, o deserto e as montanhas próximas
ficarem brancas como papel. Mais lento que a luz, o som veio segundos
depois- um estalo seco, seguido de um trovão. Uma imensa bola de fogo com 2 Km
de diâmetro levantou-se, mudando de amarelo para laranja, e depois para
vermelho, esta bola alcançou poucos minutos depois, 15 Km de altura. A energia
liberada foi de 18 quilotons, o equivalente a
explosão de 18 mil toneladas de dinamite!.
Três anos foram gastos neste projeto atômico, envolvendo centenas de
milhares de engenheiros e trabalhadores civis, bem como físicos e químicos
famosos, tendo entre estes 10 ganhadores do Prêmio Nobel. Para que
tenhamos uma ideia de como tal projeto foi abraçado pelos EUA, cidades foram construídas,
e outras cresceram em “minutos”, tudo para alimentar o projeto desta
“super-bomba”, e mantê-lo em segredo até o grande evento de seu uso em guerra.
Em menos de 1 ano foram construídos 250 mil quilômetros de ferrovias, 600
quilômetros de estradas, casas para 40 mil operários, uma fábrica de plutônio
(combustível nuclear) , e 9 fábricas espalhadas pelo país a fim de fornecer
peças ou combustível para o projeto.
Vinte e um dias depois do teste em Almologordo, veio o pesadelo.
Em meio à II Guerra Mundial, que já se estendia pôr 6 anos, Alemanha e Itália
já haviam se rendido, mas o Japão continuava a combater contra o resto do
mundo. Decidiu-se então, atacar a cidade japonesa de Hiroshima, forçando o
Japão a se render. Você pode perguntar: Por que foi escolhida Hiroshima? A
primeira cidade escolhida foi Kyoto, antiga capital imperial japonesa, com mais
de 1 milhão de habitantes e, repleta de templos, palácios e jardins, era um
símbolo da nacionalidade do país, portanto um perfeito alvo para quem o queria
vencer. Também foi escolhida porque era suficientemente grande e povoada para
que fosse analisado o poder destrutivo da nova bomba- que era exclusividade
americana. Porém Kyoto saiu da lista no momento em que se concluiu que atacar
um alvo tão carregado de simbolismo dificultaria a reconciliação com o Japão,
depois da guerra. Havia também o risco de, nessas condições, o Japão acabar
caindo nos braços da União Soviética. Hiroshima então foi escolhida. Com seus
325 000 habitantes, era um lugar onde a bomba surtiria os efeitos físicos e
psicológicos esperados. Outra vantagem era a topografia da cidade, plana. O
impacto da bomba ali não seria diminuído pôr morros, vales ou colinas que
impedissem a progressão de suas potencialidades destrutivas. Outra vantagem era
que Hiroshima não havia sofrido bombardeios. Estava virgem de ataques aéreos, e
assim se poderia bem avaliar os efeitos da nova arma.
A bomba atômica, que na época custou 2 bilhões de dólares- 20 bilhões
hoje, era de 3 metros de comprimento pôr 70 centímetros de diâmetro, pesando
4000 quilos e apelidada de “Little Boy”, foi colocada num gigantesco
quadrimotor B-29, o melhor avião americano, com o nome de Enola Gaye, pilotado
pôr Paul Tibbets.
A operação para arrasar a cidade teve início à zero hora do dia 6 de
agosto de 1945, quando um pequeno grupo de militares americanos se reuniu na
base onde serviam, em Tiniam, nas Ilhas Marianas, Pacífico Sul, para receberem
as orientações finais da missão. Seguiu-se um ofício religioso, comum antes das
missões difíceis, em que o capelão pediu a Deus: “Que os homens que voam esta
noite estejam sob a Tua proteção, e que retornem sãos e salvos”. Às 2h45, o
coronel Tibbets decolou a bordo do Enola Gay, acompanhado pôr dois aviões de
observação.
Tudo se passou da melhor forma possível, ao amanhecer daquele dia. Fazia
um belo dia de verão, em Hiroshima. Céu de brigadeiro. Os americanos queriam
ter certeza de que a bomba atingiria o alvo e surtiria os efeitos desejados,
por isso dependiam crucialmente do tempo. Assim, na manhã de 6 de agosto de
1945, às 8h 16m a bomba foi jogada. O avião fez uma curva de 180 graus,
mergulhou, e acelerou fugindo da explosão. Quarenta e três segundos depois veio
o momento fatal! O que se viu então, foi como se estivessem recebendo a visita
do sol. A bomba explodiu no ar, a 580 metros de altitude, formando uma
bola de fogo que logo se expandiu, até atingir um raio de 230 metros. Seria um
belo espetáculo, se não fosse o resto. A bola de fogo manteve a máxima
intensidade de seu brilho por dez segundos. A temperatura, que havia atingido 7
000 graus centígrados, caiu para 1 500 graus centígrados depois de 3 segundos.
No hipocentro, o ponto em terra situado bem abaixo, calcula-se que a
temperatura subiu para 3 000 ou 4 000 graus centígrados. Isso é bem mais do que
a temperatura em que o ferro se funde- 1 535 graus centígrados! Na verdade, foi
uma amostra do que seria um esbarrão do Sol!
A bomba atômica queimou, e queimou como coisa alguma criada pelo homem
havia queimado antes. Tudo e todos que se expuseram a seu flash pegaram fogo,
tal a intensidade do calor que dela se desprendia. A cidade ficou qualhada de
incêndios. Quase ninguém, a menos de 5 000 metros dali sobreviveu. Os
testemunhos vistos deste momento, de quem sobreviveu são horrendos: “Vi minha
tia em chamas. Ela estava viva e em chamas”. “Vi pessoas sem cabelo e outras
com a pele pendurada, como uma casca que se solta. Os bondes ficaram
retorcidos. Cavalos e bois corriam enlouquecidos, queimados, inchados”. “Vi uma
menina de uns 4 anos com a barriga rasgada e os intestinos pendurados para
fora”. “Vi uma jovem mãe carregando uma criança nas costas, e essa criança
estava sem cabeça”. “Vi pessoas com a pele caindo como papel que se descolasse.
Muita gente corria, alguns fugindo da cidade, outros tentando entrar nela para
encontrar parentes e amigos”.
A segunda maneira das mortes ocorridas foi pôr simples
“desaparecimento”, sem ficarem sequer carbonizados os cadáveres. No Museu da
Paz de Hiroshima, veem-se fotos de pedaços de calçada, ou escada, com uma
mancha negra. É tudo o que restou da pessoa que se encontrava ali. Mas também
muitos morreram calcinados pelo fogo. Pode-se ver, no dia seguinte à explosão,
uma casa onde telhado e paredes haviam desaparecido, mas o chão estava intacto.
Também foi visto um casal e suas 4 crianças, sentados em volta de uma mesa
redonda, todos carbonizados, imobilizados como estavam no momento da explosão.
o pai estava com uma tigela de arroz na mão, e a mãe tinha os braços
estendidos, como se quisesse proteger os filhos ao seu redor, e as outras duas
crianças tinham os braços estendidos em direção à ela, como se pedissem
proteção”. Foram encontrados centenas de cadáveres carbonizados debaixo de
pontes, que foram amontoados em pilhas para depois serem transpostos. Uma
testemunha contou: “Às 3h da tarde, vi na Ponte Motoyasu uma mulher de pé,
apoiada no parapeito da ponte, com um filho nas costas e outro no colo, os três
mortos carbonizados do jeito em que se encontravam”. Outro diz: “Havia gente
com a pele escorregando do corpo. Quem usava chapéu ficou com uma parte do
rosto protegida das queimaduras, onde o chapéu lançava sua sombra, a outra não.
Igualmente, quem usava camisa de manga curta tinha uma parte do braço salva e a
outra queimada. Havia gente com os lábios caídos para fora. Gente inchada”.
Muita gente queimada procurava alívio no rio, e morria. O rio estava cheio de
cadáveres. As ruas irreconhecíveis.
Quem não morria ou ficava ferido pela exposição direta ao calor
produzido pela bomba, podia-se morrer ou ficar ferido pelos incêndios que
rapidamente tomaram conta da cidade. o calor e o fogo foram a primeira causa da
destruição, ferimentos e morte. A segunda foi o impacto da explosão. Ao clarão
seguiu-se um deslocamento de ar de loucas proporções. a furiosa rajada viajou a
740 metros no segundo posterior à explosão - mais de duas vezes a velocidade do
som, que é de 340 metros pôr segundo. Ela fez 4 quilômetros em 10 segundos, e
11 km em 30 segundos, após o que sua velocidade declinou rapidamente. A
exposição direta a esta furiosa rajada de vento deslocou os membros de centenas
de pessoas, como atirou em todas as direções pedaços de materiais, que ficaram
cravados nos corpos das pessoas. Muitos sobreviventes tiveram a experiência de
ver seu corpo expulsando naturalmente cacos de vidro que neles penetraram
naquele momento, e que só foram expelidos anos depois. Pelo deslocamento de ar,
muitos prédios desabaram matando a milhares.
Outros sofreram terríveis alucinações e delírios, pôr terem visto a luz
que da bomba irradiou. No hospital, um dizia: “Doutor, o senhor vê aquele cisne
nadando no lago?”. Outro dizia: “Deixei cair meu lenço. O senhor o apanharia
para mim?”. Outro: “Como é linda essa fonte”. Tinham alucinações de brancura.
Suspeita-se que o violento flash de luz quando a bomba caiu ficou gravado na
retina deles e que esse flash reaparecia a eles na forma de alucinações de
brancura antes de eles morrerem.
Outro tipo de morte foi ainda mais traiçoeiro: a radiação. Nos dias
seguintes, muitos sobreviventes começaram a perder os cabelos e a sentirem-se
muito cansados. Era o começo do pesadelo, que era seguido pôr pequeninas
bolinhas avermelhadas na pele e sangramento na gengiva. A maioria morreu entre
3 e 10 dias depois do aparecimento de tais sintomas. Descobriu-se que a
radiação, tendo penetrado a medula óssea e as glândulas linfáticas, destruía os
glóbulos brancos do sangue, ocasionando a morte. No dia da explosão, caiu sobre
a cidade uma chuva preta, , causada pelas cinzas que se levantara do intenso
fogo em baixo da explosão. Muitos morreram contaminados pela radiação que esta
dissipou.
Para se ter uma ideia do poder de destruição daquele dia, dos 325 000
habitantes de Hiroshima, 74% morreram no mesmo dia, e 89% nas duas primeiras
semanas. Mas nos anos seguintes continuaram a aparecer vítimas. Pela radiação
que ficou pelo ar e incrustada nos objetos e no corpo das pessoas, o número de
mortos que foi de 70 000 naquele primeiro dia subiu para 140 000 nos 4 meses
seguintes, totalizando 200 000 vítimas até 1950. Em 1947 começaram a aparecer
casos de catarata entre os sobreviventes. No mesmo ano, registraram-se as
primeiras ocorrências de leucemia, cuja incidência atingiria um pico no período
1950-1954. Mas a radiação foi tão intensa que é impossível saber quantos morreram
pôr esta contaminação, e quantos hoje ainda sofrem pôr ela.
A cidade quase desapareceu. 50 000 edifícios ruíram. Dos 76 000 prédios,
95% sofreram danos. A maior parte sumiu. Cidades vizinhas, a quilômetros de
distância sentiram a explosão. Cortinas, sem qualquer material inflamável pôr
perto, queimavam num instante. O ar ficou pesado e uma sensação de asfixia foi
sentida pôr muitos.
Três dias depois, outro pesadelo. A bomba que caiu sobre Nagasaki também
tinha um apelido- “Flat Man”- “O Gordo”. Ela tinha 3,5 metros de comprimento e
uma barriga proeminente- 1,5 metro, em seu diâmetro máximo. Pesava 4,5
toneladas e era feita de plutônio. Portanto, era maior, mais pesada, feita de
material diferente e mais poderosa do que a bomba de Hiroshima, tendo 20 quilotons
de TNT contra os 18 da de Hiroshima.
Às 11h02 da manhã do dia 9 de agosto de 1945, a bomba de Nagasaki
explodiu, a 500 metros de altitude. Nagasaki foi escolhida pôr acaso. Quando o
B-29 pôr nome de Bock’s Car decolou, na madrugada do dia 9, pilotado por
Charles Sweeney, carregando a segunda bomba atômica da história, tinha como
objetivo a cidade de Kokura, situada ao norte de Nagasaki. Porém, o tempo
estava nublado, e o piloto sobrevoou Kokura 3 vezes sem conseguir enxergá-la.
Rumou então para o sul, em busca do alvo alternativo, Nagasak. Sobrevoou-a uma
primeira vez, e também não conseguiu enxergá-la. Já eram quase 11 horas da
manhã e o combustível do avião começava a escassear. Na segunda vez que
sobrevoou Nagasaki, deu para vislumbrá-la em parte, num buraco nas nuvens.
Assim, a bomba foi lançada.
A bomba acabou caindo não no centro mas no norte da cidade. Isso, mais o
fato de a topografia de Nagasaki ser irregular, cheia de colinas, subidas e
descidas que serviam de obstáculo à propagação do fogo e do vento, explica o
fato de ali os danos e o número de vítimas terem sido menores do que em
Hiroshima, apesar de a bomba ter mais potência. Mas o resultados para os
atingidos foi o mesmo contemplado em Hiroshima.
A bomba atômica possui tal poder de destruição porque por sua explosão,
ela libera energia que decompõe, instantaneamente, as substâncias e objetos que
se encontram em seu raio de ação. E não há como se proteger de tal devastação!
Comentários
Postar um comentário