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Capítulo
45 — A volta do exílio
A volta do exílio 353
354 Profetas e Reis
A volta do exílio 355
356 Profetas e Reis
A volta do exílio 357
358 Profetas e Reis
A volta do exílio 359
360 Profetas e Reis
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Capítulo
45 — A volta do exílio
A chegada do exército de Ciro ante os muros de Babilônia foi para os judeus um sinal de que o seu livramento do cativeiro estava
muito perto. Mais de um século antes do nascimento de Ciro, a Inspiração lhe fizera menção
do nome, e providenciara um registro
da precisa obra que ele faria tomando
Babilônia, estando esta desa-
percebida, e preparando o caminho
para a libertação dos filhos do
cativeiro. Por intermédio de Isaías havia
sido dito:
“Assim diz o Senhor ao Seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela sua mão direita, para abater as
nações diante de sua face [...] para abrir diante dele as portas, e as portas
não se fecharão: Eu irei diante de ti, e endireitarei os caminhos tortos;
quebrarei as portas
de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro, e te darei os tesouros das escuridades, e as riquezas encobertas, para que possas
saber que Eu sou o Senhor, o
Deus de Israel, que te chama pelo teu nome”. Isaías 45:1-3.
Na inesperada penetração do exército do conquistador persa
ao coração da capital
de Babilônia, através
do canal do rio cujas águas
tinham sido desviadas; na sua entrada pelos
portões internos que por
descuido tinham sido deixados abertos e desguarnecidos, tiveram os judeus
abundante evidência do cumprimento literal
da profecia de Isaías
concernente à súbita
subversão dos seus opressores. E isto
deve ter sido para eles um
inconfundível sinal de que Deus estava moldando
os negócios das nações em favor deles;
pois inseparavelmente associada com a profecia que esboçava o modo como
Babilônia seria capturada e cairia, estavam
as palavras:
“Diz de Ciro: É
Meu pastor, e cumprirá tudo o que Me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao templo:
Funda-te”. Isaías 44:28. “Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele
edificará a Minha
cidade, e soltará
os Meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor
dos Exércitos”.Isaías 45:13.
351
[281]
352 Profetas e
Reis
Não foram essas as únicas profecias
sobre as quais os exilados tiveram a oportunidade de basear sua esperança de breve libertação. Os escritos de Jeremias
estavam ao seu alcance, e neles era clara- mente estabelecido o tempo que devia
ir até a restauração de Israel em sua terra. “Quando se cumprirem os setenta
anos”, o Senhor tinha predito por intermédio do Seu mensageiro, “visitarei o rei
de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniquidade, e a da
terra dos caldeus; farei deles uns desertos perpétuos”.Jeremias
25:12. Mostrar-se-ia favor ao
remanescente de Judá, em resposta à fervente oração. “Serei achado de vós, diz
o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as
nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a
trazer-vos ao lugar de onde vos transportei”.Jeremias
29:14.
Daniel e seus
companheiros haviam muitas vezes recorrido a essas e outras profecias que
esboçavam o propósito de Deus para Seu povo. E agora,
ao indicar o rápido curso
dos acontecimentos a poderosa mão de Deus
em operação entre
as nações, Daniel
dedicou especial atenção às promessas feitas a Israel. Sua fé na palavra
profética levou-o ao fundo das experiências preditas
pelos escritores sagrados. “Certamente que passados setenta
anos em Babilônia”, o Senhor havia declarado, “vos visitarei, e cumprirei sobre
vós a Minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar. Porque
Eu bem sei
os pensamentos que penso
de vós, diz
o Senhor; pensamentos de paz, e não
de mal, para vos dar o fim que esperais.
Então Me invocareis, e ireis, e orareis a Mim, e Eu
vos ouvirei. E buscar-Me-eis, e Me achareis,
quando Me buscardes de todo o vosso coração”.Jeremias
29:10-13.
Pouco antes da
queda de Babilônia, quando Daniel estava medi-
tando nessas profecias, e buscando a Deus a fim de compreender os tempos, foi-lhe
dada uma série
de visões concernentes ao surgimento e
queda de reinos. Com a primeira visão, segundo se acha registrada no sétimo
capítulo do livro de Daniel, foi-lhe dada a interpretação, mas nem tudo ficou
claro para o profeta. “Os meus pensamentos muito me espantavam”, ele escreveu de sua experiência nesse tempo, “e
mudou-se em mim o meu semblante; mas guardei estas coisas no meu coração”.Daniel 7:28.
Mediante outra
visão foi derramada luz adicional sobre
os acontecimentos do
futuro; e foi ao final desta visão que Daniel ouviu
A volta do exílio 353
“um santo que falava; e disse
a outro santo aquele que falava: Até
quando durará a visão?”Daniel 8:13. A
resposta: “Até duas mil e trezentas
tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (Daniel
8:14), encheu-o de perplexidade. Ferventemente procurou entender
o significado da visão. Ele não podia compreender a relação dos setenta anos do cativeiro
como preditos por Jeremias, para com os dois mil e trezentos anos que nessa
visão ouvira o visitante declarar
que medeariam até a purificação do santuário. O anjo Gabriel lhe deu uma
interpretação parcial; mas quando o profeta ouviu as palavras: “Só daqui a muitos dias se cumprirá”, ele desmaiou. “Eu, Daniel, enfraqueci”, escreveu ele
sobre esta experiência, “e estive enfermo alguns dias; então
levantei-me, e trarei
do negócio do rei. E espantei-me acerca da visão,
e não havia quem a entendesse”.Daniel
8:26, 27. [282]
Levando ainda o fardo pelo bem de Israel, Daniel estudou de novo as profecias de Jeremias. Elas eram muito
claras — tão claras
que ele compreendeu por esses
testemunhos registrados em livros
“que o número de anos de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era
de setenta anos”.Daniel 9:2.
Com fé fundada na segura palavra da profecia, Daniel pleiteou
do Senhor o imediato cumprimento dessas promessas. Suplicou que a honra de Deus fosse
preservada. Em sua petição ele se identificou plenamente com os que não
tinham correspondido ao propósito divino, confessando os pecados deles
como seus próprios.
“Eu dirigi o
meu rosto ao Senhor Deus”, declarou o profeta, “para O buscar com
oração e rogos,
com jejum, e saco e cinza. E orei
ao Senhor meu Deus, e confessei”.Daniel 9:3, 4.
Embora Daniel estivesse havia muito na obra de Deus, e dele tivesse sido dito que era
“mui amado”, agora
se apresentava ante
Deus como um pecador,
expondo veementemente a grande necessidade do povo que amava.
Sua oração era eloquente em sua simplicidade, e intensamente fervorosa. Escutai-lhe a súplica:
“Ah Senhor Deus grande e tremendo, que guardas o concerto
e a misericórdia para com os que Te amam
e guardam os Teus mandamentos;
pecamos, e cometemos iniquidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos
e dos Teus juízos;
e não demos ouvidos aos Teus servos, os profetas,
354 Profetas e Reis
que em Teu nome falaram aos nossos reis, nossos
príncipes, e nossos pais, como também a todo o povo da terra.
“A Ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a
confusão de rosto, como se vê neste
dia; aos homens
de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de perto
e aos de longe, em todas
as terras por onde os tens lançado, por causa da sua prevaricação, com que
prevaricaram contra Ti. [...]
“Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o
perdão; pois nos rebelamos
contra Ele.” “Ó Senhor,
segundo todas as Tuas justiças, aparte-se a Tua ira
e o Teu furor
da Tua cidade de Jerusalém,
e do Teu santo monte; porquanto por
causa dos nossos pecados, e por causa das iniquidades de nossos pais, tornou-se
Jerusalém e o Teu povo um opróbrio
para todos os que estão ao redor de nós.
“Agora,
pois, ó Senhor nosso
Deus, ouve a oração do Teu servo, e as suas súplicas,
e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o Teu rosto, por amor do Senhor.
Inclina, ó Deus meu, os Teus ouvidos,
e ouve; abre os Teus olhos, e olha para a nossa desolação,
e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as nossas
súplicas perante a Tua face fiados
em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias.
“Ó
Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por
amor de Ti mesmo, ó Deus meu, porque
a Tua cidade e o Teu povo
se chamam pelo Teu nome”.Daniel 9:4-9, 16-19.[283] O Céu se curvou para ouvir a
fervente súplica do profeta. Antes mesmo
que ele tivesse terminado a sua súplica por perdão e restauração, o poderoso Gabriel apareceu-lhe
outra vez, e chamou a sua atenção para
a visão que ele tivera antes da
queda de Babilônia e da morte de
Belsazar. E então o anjo esboçou-lhe em pormenores o período das setenta semanas, que devia começar com “a ordem para
restaurar e para edificar Jerusalém”.Daniel 9:25.
A oração de Daniel tinha sido proferida “no ano primeiro de Dario” (Daniel 9:1), o rei medo cujo general,
Ciro, tinha arrebatado de Babilônia o cetro
do governo universal. O reinado de Dario foi honrado por Deus. A ele foi enviado o anjo Gabriel,
“para o animar
e fortalecer”.Daniel 11:1. Após sua
morte, cerca de dois anos
depois da queda de Babilônia, Ciro o sucedeu no trono, e o início do seu
reinado marcou o fim dos setenta anos desde que o primeiro
grupo
A volta do exílio 355
de
hebreus tinha sido levado cativo por Nabucodonosor, de sua pátria judaica para Babilônia.
O livramento de Daniel da cova dos leões
tinha sido usado
por Deus para criar uma impressão favorável
no espírito de Ciro o Grande. As excelentes qualidades do homem de Deus como
estadista de vistas
largas levou
o governante persa
a mostrar-lhe mar- cado respeito e a honrar suas
decisões. E agora, justo no tempo em que Deus tinha dito que faria
fosse o Seu templo em Jerusalém
reconstruído, Ele moveu
Ciro como Seu instrumento para discernir
as profecias com respeito a ele mesmo, com as quais Daniel estava tão familiarizado, e a conceder ao povo judeu a sua libertação.
Tomando o rei conhecimento
das palavras que prediziam, mais de um século
antes do seu nascimento, a maneira pela qual Babilônia deveria ser tomada; ao ler a
mensagem a ele dirigida pelo Rei do Universo: “Eu te cingirei, ainda que tu Me
não conheças. Para que se saiba desde o
nascente do Sol, e desde o poente, que fora de Mim não há outro”; ao ver diante
dos seus olhos a declaração do eterno Deus:
“Por amor de Meu servo Jacó, e de Israel,
Meu eleito, Eu a ti te
chamei pelo teu nome, pus-te o Meu sobrenome, ainda que Me não conhecesses”; ao
descobrir o inspirado Registro: “Eu o despertei em justiça, e todos os seus
caminhos endireitarei; ele edificará a Minha cidade, e soltará os Meus cativos,
não por força nem por presentes” (Isaías 45:5, 6,
4, 13), o seu coração foi profundamente movido, e ele se determinou
cumprir sua missão divinamente indicada. Ele libertaria os judeus cativos; ele
os ajudaria a restaurar o templo de Jeová.
Numa proclamação escrita
publicada “por todo
o seu reino”, Ciro fez
conhecido o seu desejo de providenciar o retorno dos hebreus e a reconstrução do seu templo.
“O Senhor Deus dos Céus me deu todos os reinos da Terra”, o rei reconhecia com gratidão em
sua proclamação pública; “e Ele me encarregou de Lhe edificar uma casa em
Jerusalém, que é em Judá. Quem
há entre vós, de todo
o Seu povo, seja o seu Deus com ele, e suba a Jerusalém [...] e [284] edifique a casa do Senhor
Deus de Israel;
Ele é o Deus que habita
em Jerusalém. E todo aquele que
ficar em alguns lugares em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o
ajudarão com prata, e com ouro, e com fazenda,
e com gados, afora as dádivas
voluntárias”. Esdras 1:1-4.
356 Profetas e Reis
“Esta casa se edificará”, ordenou
ele mais tarde
com referência à estrutura
do templo, para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão
firmes; a sua altura de sessenta côvados, e a sua largura de sessenta
côvados; com três carreiras de grandes
pedras, e uma carreira de madeira nova, e a despesa
se fará da casa do rei. Demais
disto, os vasos de ouro e de prata da casa de
Deus, que Nabucodonosor transportou do templo que estava
em Jerusalém, e levou para Babilônia, se tornarão a dar, para que vão ao seu lugar,
ao templo que está em Jerusalém”.Esdras 6:3-5.
As novas deste decreto alcançaram as mais
distantes províncias do domínio real, e em todo o lugar entre os filhos da dispersão
houve grande alegria. Muitos, como Daniel, tinham estado a estudar as
profecias e a buscar a prometida intervenção de Deus em favor de Sião. E agora suas orações
estavam sendo respondidas; e com alegria de coração podiam unidos cantar:
“Quando o Senhor trouxe do
cativeiro os que voltaram de Sião, estávamos como os que sonham.
Então a nossa boca se encheu de
riso, e a nossa língua de cânticos.
Então se dizia entre as nações:
Grandes coisas fez o Senhor a
estes.
Grandes coisas fez o Senhor por
nós, e por isso estamos alegres”.
Salmos 126:1-3.
“Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes e os levitas,
como todos aqueles
cujo espírito Deus despertou” — esse foi o piedoso
remanescente, cerca de cinqüenta
mil, dentre os judeus das terras do exílio, que se determinaram tirar vantagem da maravilhosa oportunidade a eles oferecida, “para subirem a edificar
a casa do Senhor, que está em Jerusalém.” Seus amigos não lhes permitiram sair com mãos vazias. “E todos os que
habitavam nos arredores lhes confortaram as mãos com vasos de prata, com ouro, com fazenda, e com gados,
e com coisas preciosas.”
A essas e muitas outras ofertas voluntárias foram acrescentados “os vasos da
casa do Senhor, que Nabucodonosor tinha trazido de
A volta do exílio 357
Jerusalém. [...] Estes tirou Ciro,
rei da Pérsia, pela mão de Mitredate,
o tesoureiro. [...] Todos os vasos
de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos”, para uso no templo que ia
ser reconstruído.Esdras 1:5-11.
Sobre Zorobabel (conhecido também como Sesbazar), um dos descendentes do rei Davi, Ciro colocou
a responsabilidade de agir
como governador do grupo que retornava para a Judéia;
e com ele estava associado Jesus, o sumo sacerdote. A longa viagem
através do árido deserto foi feita em segurança, e o feliz grupo, grato
a Deus por Suas muitas bênçãos, imediatamente tomou a si a tarefa
de reconstruir o que havia sido derrubado e
destruído. “Alguns dos [285] chefes
dos pais” deram o exemplo em oferecer donativos para ajudar
a enfrentar as despesas de
reconstrução do templo; e o povo, se-
guindo seu exemplo, deu livremente de seus pobres
recursos.Esdras 2:64-70.
Tão depressa
quanto possível, foi construído um altar no sítio do antigo altar no recinto do
templo. Para as solenidades relacionadas com a dedicação deste altar, o povo
alegremente “se ajuntou como um só homem”, e aí se uniram no
restabelecimento das cerimônias que tinham sido interrompidas quando da
destruição de Jerusalém por Nabucodonosor. Antes de se separarem para habitar nos lares que estavam procurando reparar,
“celebraram a festa dos tabernáculos”. Esdras 3:1-6.
O levantamento
do altar para o sacrifício diário alegrou sobre- maneira o fiel remanescente.
De coração entregaram-se à preparação
necessária para a reconstrução do templo, ganhando alento à medida que esses
preparativos progrediam de mês em mês. Durante muitos anos eles haviam estado privados
dos visíveis sinais da presença de Deus. E agora, circundados como estavam por
muitas recordações tristes da apostasia de seus pais, ansiavam por algum perdurável sinal do perdão e favor divinos. Acima da reconquista de
propriedades pessoais e antigos privilégios, eles consideravam a aprovação de
Deus. Maravilhosamente havia Ele operado em seu favor, e eles sentiam consigo a segurança de Sua presença;
contudo desejavam maior bênção ainda. Com jubilosa
antecipação olhavam para o tempo em que, com o templo reconstruído, poderiam
contemplar o brilho de Sua glória vindo do interior.
358 Profetas e Reis
Os obreiros empenhados na preparação do material de construção,
encontraram entre as ruínas algumas das enormes pedras levadas ao local
do templo nos
dias de Salomão. Essas pedras foram preparadas para serem usadas, e
muito material novo foi provido; e
logo a obra chegou ao ponto em que a pedra fundamental devia ser posta. Isto foi feito na presença de milhares que se haviam reu-
nido para testemunhar o progresso da obra e manifestar a expressão
da sua alegria, tomando parte nela. Enquanto a pedra fundamental estava sendo posta em sua posição,
o povo, acompanhado pelas trombetas dos sacerdotes e os címbalos
dos filhos de Asafe, “cantava a revezes, louvando e celebrando ao Senhor; porque
é bom; porque a Sua benignidade dura
para sempre sobre
Israel”.Esdras 3:11.
A casa que
estava prestes a ser
reconstruída tinha sido
objeto de muitas profecias concernentes ao favor que
Deus desejava mostrar
a Sião, e todos
os que estavam
presentes no lançamento dos alicerces devem ter estado, de coração, possuídos do
espírito do momento. Mas em meio à música
e às exclamações de louvor
que se ouviam nesse dia feliz,
houve um anota
discordante. “Muitos dos sacerdotes,
e levitas, e chefes dos pais, já velhos, que viram a primeira casa, sobre o seu
fundamento, vendo perante os seus olhos esta casa, choraram em altas vozes”.Esdras 3:12.[286]
Era natural que a tristeza enchesse o coração desses homens encanecidos, ao considerarem os resultados da longa impenitência. Tivessem eles e a sua geração obedecido
a Deus, executando o Seu propósito para Israel, e o templo construído por Salomão não teria
sido destruído nem
teria sido necessário o cativeiro. Mas
em virtude da ingratidão e
deslealdade, eles haviam sido espalhados entre as nações gentílicas.
Mudadas estavam agora
as condições. Em terna misericórdia o Senhor havia visitado
outra vez o Seu povo, e permitira-lhe retornar a sua própria terra. A tristeza
pelos erros do passado devia ceder lugar a sentimentos de grande alegria.
Deus tinha movido
o coração de Ciro para que
os ajudasse a reconstruir o templo, e isto devia ter despertado expressões de
profunda gratidão. Mas alguns não discerniram as providências de Deus em
operação. Em vez de se alegrarem, acariciaram pensamentos de descontentamento e desânimo. Haviam visto a glória do templo de Salomão, e lamentavam a inferioridade da construção a ser agora
construída.
A volta do exílio 359
As murmurações e queixas, e a desfavorável comparação feita,
tiveram uma influência deprimente sobre o espírito de muitos, e debilitaram as mãos dos construtores. Os trabalhadores levantaram a pergunta se deviam
prosseguir com a construção de um edifício
que já de início era tão francamente criticado e se tornava causa de
tanta lamentação.
Havia muitos na
congregação, no entanto, cuja maior fé e mais ampla visão não os tinha levado a considerar esta glória menor com
tal descontentamento. “Muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria.
De maneira que não discernia o povo as vozes
de alegria das vozes do choro
do povo; porque o povo jubilava com tão grande júbilo que as
vozes se ouviam de mui longe”.Esdras 3:12, 13.
Se os que tinham deixado de rejubilar-se no lançamento dos fundamentos do templo, tivessem
previsto os resultados de sua falta de
fé nesse dia,
teriam empalidecido. Pouco
haviam eles imaginado o peso de suas palavras de desaprovação e desapontamento; pouco sabiam do muito que seu manifesto
descontentamento haveria de retardar a terminação da casa do Senhor.
A beleza do primeiro templo,
e os impressionantes ritos de seus
cultos, haviam sido
uma fonte de orgulho para
Israel do seu cativeiro;
mas a sua adoração havia não raro faltado aquelas qualidades que Deus considera
como as essenciais. A glória do primeiro templo, e o esplendor de suas
cerimônias, não poderiam recomendá-los a Deus; pois unicamente aquilo que é de
valor a Sua vista eles não ofereciam. Eles não
Lhe levavam o sacrifício de um espírito contrito e humilde.
É quando os princípios vitais do reino de Deus são perdidos de vista,
que as cerimônias se tornam numerosas e extravagantes. É quando a edificação do
caráter é negligenciada, quando falta o adorno
da alma, quando
é desprezada a simplicidade da piedade, que
o orgulho e o amor da ostentação reclamam
magnificentes igrejas, [287] esplêndidos adornos e imponentes cerimônias. Mas em nada disto
Deus é honrado. Ele
avalia a Sua igreja,
não pelas vantagens externas, mas pela sincera piedade que a distingue do mundo.
Ele a estima de acordo com o crescimento dos seus membros
no conhecimento de Cristo,
segundo o seu progresso na experiência espiritual. Ele olha para os princípios
de amor e bondade. Nem toda a beleza da
360 Profetas e Reis
arte pode ser comparada
com a beleza da têmpera
e do caráter que devem
ser revelados naqueles que são representantes de Cristo.
Uma congregação
pode ser a mais pobre da Terra. Pode
não ter as atrações de exibição exterior; mas se os seus membros possuem os princípios do caráter de Cristo, os anjos se unirão com eles em seu
culto. O louvor e ações de graças do coração agradecido ascenderão a Deus como suave oferenda.
“Louvai ao Senhor, porque Ele é
bom;
porque a Sua benignidade é para
sempre.
Digam-no os remidos do Senhor, os
que remiu da mão do inimigo”.
Salmos 107:1, 2. “Cantai-Lhe, cantai-Lhe salmos;
falai de todas as Suas maravilhas.
Gloriai-vos no Seu santo nome;
alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor”.
Salmos 105:2, 3.
“Pois fartou a alma sedenta,
e encheu de bens a alma faminta”.
Salmos 107:9.
[288]
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